quarta-feira, 22 de outubro de 2014






                         A Pedra do Reino                                

Havia um nobre Rei que possuía um domínio de terras e poder muito vastos. Ele era muito bondoso e sempre ensinava a seu povo, bons princípios. Seu único filho havia morrido, por isso, ele precisava de um novo herdeiro.
A fim de escolher um herdeiro entre o povo, lançou um desafio: Aquele que conseguisse trazer-lhe a Pedra do Reino provaria sua lealdade, portanto, seria digno de ser coroado como Novo Rei.
Todos correram para procurar a pedra. Muitos se apresentaram ao palácio com as pedras que haviam encontrado ou já possuíam. Haviam pedras de todos tamanhos, formas e cores. Algumas eram deslumbrantes, outras mais singelas a vista, mas todas de muito valor.
Porém, o rei ainda não estava satisfeito. Depois de muitos meses, ninguém encontrara a pedra que ele procurava.
Cada um que passava pelo portão de saída do Palácio, tendo sua pedra sido rejeitada pelo rei, era abordado por um mendigo que tentava negociar dizendo: “Dê-me a tua pedra que eu te darei a pedra do Reino”.
Todos os que passavam por ali recusavam-se a ouvir o mendigo, passando de largo por ele.
Até que um dia, um jovem pobre viajante, apresentou-se ao rei com uma pedra que havia encontrado numa de suas viagens. A pedra parecia-lhe valiosa, por isso animou-se, pois estava determinado a ajudar a todas as pessoas que encontrasse, caso se tornasse rei.
Tendo sido sua pedra recusada como as demais, embora o rei garantisse que ela era de fato muito preciosa, o jovem passou pela porta de saída e foi também abordado pelo mendigo que fez mais uma vez sua proposta: “Dê-me tua Pedra que eu te darei a Pedra do Reino”.
O jovem, compadecendo-se dele e retirou de seu bolso sua pedra, entregando-a ao mendigo, dizendo que não queria nada em troca.
Imediatamente o mendigo transformou-se no rei. O jovem assustado, curvou-se num ato de reverência. O rei então, fez sinal para que se levantasse e disse batendo palmas de alegria: Finalmente, finalmente encontrei a Pedra do Reino.
No dia seguinte, o jovem foi coroado como novo Rei porque Ele era a Pedra do Reino, mais preciosa que todas as outras, pois provara sua lealdade.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014





A Lenda do Rio Proibido
                                              
                                                                    

     Era uma vez um povoado onde viviam muitas famílias. Todos eram muito felizes e prósperos.
       Porém, houve uma época em que começaram a enfrentar a maior de todas as secas da história. Não chovia há meses. Seu único rio estava quase totalmente seco, por isso os animais estavam morrendo e seu povo já enfrentava as consequências da escassez.
     O líder deles, um belo e jovem guerreiro chamado Noan preocupado com a situação, saiu com dez de seus homens em busca de uma outra fonte de águas. Passados muitos dias, não tendo encontrado nada, voltaram cansados e tristes para suas casas.
      Assim, Noan percebeu que não havia outro jeito senão reunir o povo e partir em busca de sobrevivência em outro lugar. E assim partiram.
      Depois de dois dias, avistaram um rio muito negro. Porém, como estavam com muita sede, todos, dos mais velhos aos mais novos, agacharam-se e saciaram-se. Porém, Noan, decidiu aguardar até que todos bebessem primeiro.
     Nesse momento, encontrou no chão um pergaminho que lhe chamou a atenção, intitulado: "O Rio Proibido" e o tomou para si. Ao se aproximar do rio viu uma  bela jovem de olhos amendoados e longos cabelos vermelhos encaracolados. Ela parecia muito triste e lhe disse suavemente apontando para o pergaminho:
-Não conheces a lenda do Rio Proibido? Todos os que tocam em suas águas, a sede nunca passará e o rio o tragará. Noan virou-se instintivamente para o povo e de um a um, todos se transformaram em peixes que pularam para dentro do rio.
      O jovem teve medo e  correu para bem longe. Ao parar  para descansar num lugar mais distante leu o primeiro trecho do Pergaminho:"O amor revive a dor que traz as águas! As águas que trazem a dor revivem o amor!"
    Não sabia o que pensar. Pensou nas palavras que lera, no povo que agora era um cardume e naquela bela jovem triste misteriosa que conhecera. Achou tudo aquilo tão inusitado que, por um instante esqueceu a própria sede que parecia estraçalhá-lo.
    Continuou lendo aquele estranho livro, que, contava-lhe a história de uma princesa que viveu há alguns séculos atrás. Ela era muito cobiçada pelos rapazes da região por sua doçura, bondade e beleza. Por isso, uma bruxa muito malvada, que não era amada por ninguém, baniu a jovem para um lugar  muito distante e lançou-a um feitiço que a manteria lá para sempre. O único que poderia trazê-la de volta seria alguém capaz de sacrificar a sua vida pelo seu amor. A dor da princesa fora tão grande que ela chorou, chorou e não conseguia mais parar. Logo, suas lágrimas se juntaram transformando-se num rio negro.
    Ao ler essas palavras, o guerreiro pensou se a princesa poderia ter existido de verdade ou se era apenas uma lenda. Imediatamente ocorreu-lhe que a moça que conhecera poderia ser a princesa banida, que já exercia um doce fascínio em sua mente.
    Leu então, o fim da história: "Num dia a bruxa visitou a princesa e lançou-a seu ultimo feitiço: "Todos os que beberem de sua água, a sede nunca passará e o rio o tragará. E se o feitiço não for quebrado pelo amor verdadeiro em 24 horas, os peixes nunca mais se tornarão humanos""
     O Guerreiro conhecia a região mais afastada e sabia que, ao andar mais uns cem quilômetros à frente, encontraria seguramente alguma fonte de água. Porém, decidiu retornar ao rio, pois as 24 horas já estavam se esgotando e se não agisse rapidamente poderia perder seu povo para sempre e a chance de salvar a princesa.
     A essa altura, sentia-se quase completamente sem forças, mas apoiando-se num pedaço de madeira que encontrou pelo caminho, conseguiu prosseguir com dificuldade. Parou um pouco, ao sentir tonteira, pois já contavam-se quatro dias sem que ele bebesse qualquer líquido. E, novamente, leu as palavras iniciais do pergaminho: ""O amor revive a dor que traz as águas! As águas que trazem a dor revivem o amor!"
   Fez uma tentativa de decifrar esse enigma, mas ao fazê-lo, percebeu seus olhos fecharem-se. Juntou todas as forças que conseguiu e orou implorando para que vivesse para ao menos conseguir salvar as pessoas que dependiam dele. Ainda não sabia como, mas sabia que só ele poderia ajudá-los. Foi assim que, em meio aos seus mórbidos pensamentos, notou que, havia algo que não lera antes: As letras pareciam-lhe embaralhadas agora, mas, no final do trecho, estava escrito em letras bem pequenas:
"Ao tocar o rio, o rio tocará você"
  Finalmente, conseguiu avistar o rio, do alto de uma colina. Desceu lentamente e viu novamente a jovem que o fitava.
  Ao aproximar-se, pensou em seu amor por todas aquelas pessoas e chorou. Suas lágrimas, que eram a única água que ainda restava-lhe no corpo, derramaram-se profusamente em seu apoio. Foi então que tudo começou a fazer sentido para ele e percebeu o que deveria fazer. Tocou o rio com o pedaço de madeira, que imediatamente devolveu-lhe todo o povo tornando-se azul brilhante. 
   Logo, o povo foi habitar na região do Rio Proibido. Agora, todos podiam beber alegremente de suas águas que nunca se acabavam, pois eram as  lágrimas do amor verdadeiro.
    E assim, a Princesa e o Guerreiro casaram-se e viveram Felizes para Sempre!!


terça-feira, 29 de abril de 2014









O velho pescador




     Era uma vez um velho pescador que vivia sozinho em uma pequena casa de toras de madeiras próximo ao mar. Ele nunca saia de casa, exceto pela pesca pela sobrevivência. Vivia sempre muito triste desde que perdera sua esposa e seus dois filhos num acidente ha dez anos.
    Certo dia ele sonhou que estava num lugar muito bonito onde haviam muitas árvores frondosas, um límpido lago, belas flores coloridas e passarinhos diversos.
     No cume de um monte alto que parecia ser o céu deste lugar, ele avistou uma torre e no alto desta um homem vestido de branco que o chamou. Logo que ouviu seu nome, foi transportado para o ponto onde estava. O homem então disse-lhe em voz mansa e delicada:
   _ Filho, assim como este monte está acima da terra, assim são meus caminhos mais altos que os seus caminhos. Olhe!
    E olhando, ele viu várias pessoas felizes apressadas como se tivessem uma grande obra a fazer. Mirou mais adiante e notou sua esposa e filhos. Eles pareciam felizes e assim que o viram, acenaram . Ele desejou estar com eles, mas o homem o proibiu dizendo que sua missão ainda não chegara ao fim. Ordenou-lhe que retornasse e fosse feliz.
    Assim que acordou, compreendeu sua missão e o que lhe traria a felicidade. Transformou sua pequena casa num lar de crianças carentes. Assim ele recebeu de novo uma família. Passaram-se muitos anos e desta vez pôde descansar em paz porque aprendera a lição que lhe cabia na vida: Que a verdadeira alegria está em servir...