quarta-feira, 15 de julho de 2015






A princesa bela e a princesa feia

Haviam duas princesas irmãs que eram muito diferentes. A mais moça, Anelore era loira, alta e esguia e disputada por muitos jovens do reino. Porém, sua beleza não alcançava seu coração.Sempre maltratava seus servos e sua irmã por considerarem-nos inferiores.
A mais velha, Sabrina, tinha cabelos grossos castanhos, que viviam presos e usava óculos.Apesar de não ser considerada uma jovem atraente, amava as pessoas, sempre tratando-as com respeito e consideração, independente de suas funções ou posição social.
Certo dia, o rei Fidélis convocou uma grande festa no reino para casar suas filhas.
Entre os convidados que seriam apresentados às jovens princesas estavam: o filho do Rei de Pombal, o sobrinho do Rei de Sapucaia,que não tinha filhos o filho do Rei de Camélias e muitas outras figuras apreciadas por muitas donzelas de nomes importantes.
No dia da festa,como já era esperado, Anelore estava simplesmente radiante com seus trajes exuberantes cor de lilás púrpura. Seus passos pareciam fazê-la flutuar como plumas de algodão doce. Sua leveza e encanto só poderiam ser quebrados se sua fala a denunciasse como uma princesa mimada e arrogante, o que fazia o tempo todo no castelo.Entretanto, isso ela conseguiu esconder muito bem durante a festa, uma vez que queria portar-se apropriadamente para seus candidatos, como se tivesse roubado a poção da educação de sua irmã.
Sabrina, a princesa considerada feia não quis descer para a festa. Sua desculpa veio através de uma mucama, que explicou ao rei que ela não se sentia muito disposta, mas que ficaria fazendo votos que sua irmã caçula escolhesse um excelente candidato.
O rei conhecendo-a bem,percebeu o que ocorria e mandou-a buscar, mesmo contra a sua vontade.
Depois de muitas respostas de recusa da filha, decidiu ir pessoalmente.
Na altura em que o rei subiu as escadas do palácio para buscar Sabrina e tentava convencê-la a descer,
o banquete já dera lugar ao baile, onde muitos galanteadores de Anelore convidaram-na para dançar. Ela parecia, contudo não se decidir qual dos dotes apresentados valia mais. Com seus pés latejando dentro de seus sapatos um número menor e seus espartilhos sufocantes foi traída por sua ganância e pretensão como se seus pensamentos estivessem socando seu cérebro e disparou:
-Escutem, todos, vocês,é, todos vocês aí...eu não quero mais me alongar...-E atirando os sapatos, sentou-se numa cadeira no centro do grande salão-Eu chamei...ham ham...quero dizer, meu pai, o rei chamou vocês aqui porque eu quero me casar com o rapaz mais rico de todos-Vários pares de olhos arregalados a olharam-É isso mesmo, me digam logo quem é o mais rico de vocês que eu me casarei com ele porque estou muito cansada.
Muitos murmúrios como um grande coral barroco se disseminaram pelo palácio.
Ouvindo os gritos,o rei desceu as escadas correndo, com Sabrina em seu calcanhar, que parecia não se importar com os cabelos despenteados, apenas com o bem-estar da irmã que nesse momento já havia percebido que fora afetado de alguma forma.
E parou na metade da escada como se o seu cérebro paralizasse com a cena que viu.
Vários jovens bem vestidos e bonitos assustados pareciam revoltados rodeando a princesa loira como lobos selvagens prontos para o ataque
-Não queremos, nenhum de nós quer casar-se com essa moça prepotente e esnobe.
- Ela só pensa nas riquezas que podemos dá-la.
-É, que tipo de homem se casaria com uma mulher dessas?
Diante disso, o rei pediu perdão a todos dizendo sentir muito pela postura de sua filha, que não estava em seu perfeito juízo desde a morte de sua esposa e prosseguiu:
-...porém, se estás hoje aqui, no palácio real, com o intuito de buscardes uma princesa não para saciar-se com seu ouro e prestigios, mas com o amor que há em seu coração que é a maior dádiva que podem dar e que será capaz de transbordar esse sentimento pelos confins do império e muito além...eis aqui sua princesa-E apontou para Sabrina, que de alguma forma até então parecia invisível na escada e agora desenhava um meio sorriso olhando sem graça ao redor-
Sabrina desceu a escada e abraçou a irmã.Anelore recusou o abraço e correu, soluçando para seu quarto.
A irmã mais velha quis então fazer alguma coisa. Nunca soube exatamente se, após a morte da mãe a irmã teve dificuldades de ter sentimentos bons pelas pessoas ou apenas de expressá-los, mas sabia que deveria fazer algo e, expressou-se firmemente, diante de olhares curiosos:
-Meu nome é Sabrina, prazer. Eu não me preocupo com a quantidade de metais que vocês tem, nem com sua posição social, mas meu sonho é casar-me com alguém que eu ame de verdade. Minha irmã também é assim, embora ela não saiba como expressar isso. Ela acredita que não temos escolha, que temos que nos casar com alguém que dê continuidade ao bom nome da família e que isso não tem a ver com amor.Minha irmã, sei que está agora ouvindo-me, então, rogo-lhe que acredite em mim. Temos escolha. O papai não vai nos obrigar a nos casar com qualquer um desses rapazes se não quisermos, não é mesmo, pai?...
E o rei fez um hum-hum, meio sem graça
...então, querida, não tenha medo, apenas conheça um desses jovens e eu farei o mesmo e quem sabe aqui não vai encontrar um de que goste?
Mas Anelore não quis descer.
Então, um dos príncipes, um belo jovem de cabelos castanhos e olhos de mesmo tom amendoados inclinou-se perante Sabrina e disse:
Em todo o reino, nunca vi tamanha beleza-Ouvindo isso, Anelore saiu do quarto e espiou pelo corredor do segundo andar o que acontecia lá embaixo e parecia não acreditar.
O mais bonito dos príncipes presentes e mais rico também- o que foi conhecido depois-pediu a mão da princesa Sabrina em casamento.
Ela recusou educadamente
-Como já disse caro príncipe, podemos nos conhecer primeiro, pois não me casarei com ninguém que não ame. Mas podemos sair se quiser.
Ao que foi respondido com um beijo em sua mão e olhos absolutamente fascinados.
Depois de sairem muitas e muitas vezes e muitas recusas de anel de noivado, finalmente a princesa Sabrina aceitou casar-se com o príncipe.
No dia do casamento, Sabrina estava muito bonita.Dessa vez não usava os óculos, seus cabelos estavam impecáveis juntamente com seu vestido e todo o resto.
Sua beleza exterior ficara tanto tempo atrás de seus óculos e rabos de cavalo que não era percebida, mas nesse dia todos descobriram como era sumamente bela também por fora. Logo, foi considerada a jovem mais bonita de todo o reino.
Depois do casamento, em que passou muito ponderada, Anelore começou a tomar atitudes muito diferentes. Começara a tratar os servos e a todos com gentileza e respeito. As pessoas nem estavam acreditando o quanto ela havia mudado.
Certo dia, enquanto Sabrina visitava a sua casa para anunciar que estava grávida de seu primeiro filho, decidiu perguntar a irmã qual o motivo de sua mudança.
-Simplesmente-Ela disse-aprendi com minha irmã querida a importância do amor e que ele vale mais que todas as riquezas deste mundo.-E as duas chorando se abraçaram, ao que o rei juntou-se a elas no mesmo ato.
Passados meses, Anelore também encontrou o amor de sua vida e casaram-se para a eternidade, tal como a irmã.
Assim, as duas princesas tornaram-se as jovens mais belas de todos os reinos que as conheciam.









sábado, 4 de julho de 2015




A carta

Era uma vez uma menina de doze anos que vivia muito solitária. Sua mãe morrera quando ela tinha apenas cinco anos de idade e não conhecera outras pessoas que ela pudesse chamar de família. Fora adotada por um casal que a tratava com muita indiferença e certa crueldade. Nunca conversavam com ela e faziam questão de lembrá-la sempre que só a adotaram devido à herança que sua mãe a deixou.
Suas roupas eram velhas e surradas, pois a mãe de criação só dava-lhe roupas do bazar e quando um agente de adoção ia visitá-la em sua casa, anualmente.
E além disso, tinha que acordar de madrugada para comer alguma coisa sem ser censurada pelos "pais".
Estudava na melhor escola do país por decisão judicial, mas lá também sofria muito. Suas roupas rasgadas, davam-lhe um ar maltrapilho e carente, o que a fazia sofrer muita discriminação entre os colegas.
Por isso, apesar de suas ótimas notas,ela não tinha alguém que considerasse seu amigo.
Certo dia, enquanto estava indo para a escola, andando, como normalmente fazia, encontrou no chão um envelope de aspecto muito antigo, amarelado pelo tempo.
Curiosamente, a menina apanhou-o e virando-o no lado do remetente leu: "Sua mãe"-seguido do primeiro nome de sua mãe biológica- e no lado do destinatário estava seu próprio nome. De forma expontânea pensou:"Coincidência de nomes..." mas sua percepção inicial logo se dissipou dando lugar a um susto de alegria quando viu embaixo também seu sobrenome.
-Ãh, sou eu?E é de minha...minha mãe?!
Era uma carta e estava lacrada. Rasgou-a com velocidade e desdobrou-a no mesmo ritmo enquanto parava para lê-la. Enquanto seus olhos seguiam os horizontes das palavras e frases ao longo de toda a página, chorou.
Virou-se então. Não estava mais indo para a escola, mas de volta à sua casa.Pegou suas coisas e dirigiu-se ao juizado infantil. Era uma carta-documento com a assinatura da mãe biológica que dava-lhe autorização para emancipar-se aos doze anos se fôsse sua vontade.
Sua mãe a escrevera pouco antes de falecer de câncer, em seu leito, prometendo à menina que,mesmo que não estivesse aqui nesta Terra fisicamente, que um dia a menina leria essa carta. Expressava-lhe seu grande amor pela filha, que a morte não poderia destruir. Também mencionava seu pai biológico, que havia morrido enquanto a mãe estava grávida dela e pedia que ela fôsse procurar pelos avós paternos que era a única família que ainda tinham.
Decorridos meses, conseguiu a liberdade tão sonhada por ela e por sua mãe. Foi morar em outro país com os avós paternos que a tratavam como uma princesa.
Na nova escola que estudou,a melhor desse país, decidiu fazer um teste para saber se poderia confiar em alguém para ser seu amigo.
Vestiu-se da mesma maneira que se vestia na outra escola e, para sua surpresa, uma menina e dois meninos tornaram-se seus amigos. Eles gostavam da menina por quem era, de tal modo que quando ela revelou sua verdadeira identidade rica, nada mudou entre eles.
Agora sentia-se completa. Tinha uma família que a amava, amigos maravilhosos e a carta que mudou a sua vida para sempre.











quarta-feira, 1 de julho de 2015





A florzinha triste e o passarinho

Era uma vez uma linda florzinha que vivia num grande campo.Apesar de sua beleza, ela sofria de solidão, pois em todo o redor, não haviam outras flores com quem ela pudesse conversar.
Certo dia, um passarinho que passava por ela, parando, a admirou:
-Que florzinha mais encantadora!De tamanha beleza e raro perfume, eu nunca vi igual em todos os campos que voei.
E a florzinha abaixou suas pétalas e delas sairam gotas de lágrimas perfumadas.
- fumpf, fumpf, o-obri-gada
E o passarinho se aproximou mais para observá-la melhor.
-Ei,ei,ei,mas o que acontece?-tentando levantar suas pétalas- Tua beleza é tão grande quanto tua tristeza. Por que choras, linda flor?
-Eu, eu...
-Está tudo bem-o passarinho dessa vez deitou sobre suas pétalas e coroa e as bicou carinhosamente-Pode confiar em mim
 -Sou a mais triste e miserável das flores.
-Como assim?Não diga isso querida.
-Sim, digo sim porque é o que sou.
-Mas o que a torna tão triste?
-Não há beleza que compense a solidão e como pode ver eu vivo aqui nesse imenso campo sózinha, desde que...bom..desde que brotei.
-Mas e seus pais, sua família?
-Todos morreram numa grande enxente que devastou a nossa comunidade. Antes aqui era um imenso jardim,o mais bonito de todos.Todos viviam felizes. Somente eu fiquei para contar a história. Isso porque eu ainda não havia brotado totalmente, o que me fez sobreviver mais facilmente.Agora, agora...
-Agora o que florzinha?
-Nem consigo mais sorrir.Não sei o que é ser feliz por estar sózinha aqui.
-Quem disse?
-Quem disse o que?
-Você está enganada. Há muitas flores nesse campo, mas que não consegue ver.
-Como assim, passarinho?
-Eu estou dizendo que se você olhar com fé conseguirá ver o campo todo florido, como era antes.
-Mas o que é fé?Ainda não entendi
-É acreditar no que você não vê,mas que é real.
-É sério?Você está dizendo que se eu acreditar eu...
-Sim-interrompeu-a o passarinho-você conseguirá ver aquilo que deseja.
-Mas eu não acredito, infelizmente-E abaixou as pétalas novamente
-Mas você quer acreditar?
-E a florzinha pensou por 10 minutos ao que no final abriu as pétalas-Sim, eu quero, eu quero, eu quero ter fé, você me ajuda?
-Claro, feche os olhos e as pétalas e ore até acreditar e quando abri-los...pufhh...-e fez um rodopio-tudo irá se transformar em seu campo ideal novamente.
E a florzinha, tão chorona  ainda descrente começou a orar com os olhos e pétalas fechados. A depressão em que estava era tão grande que roubou-lhe suas crenças,mas ainda assim decidiu confiar no passarinho que parecia ser um bom amigo
Passaram-se dias, meses,sim, seis longos meses e aconteceu algo:
A florzinha finalmente começou a acreditar...e sua crença foi ficando cada vez mais e mais forte, até que ela sentiu o cheiro de campo florido, como era antes da enxente e bradou alto enquanto levantava imperiosa suas pétalas:
-Sim, eu acredito, eu tenho fé, eu sei...
E qual foi sua surpresa quando, voltando em si, viu novamente o campo florido,como era antes da enxente.
Ficou tão feliz que agora conseguia sorrir para todas as flores que a cumprimentavam de maneira amigável. Agora ela tinha uma família de novo!
E olhando para o alto, viu o passarinho pousar sobre ela.
-Obrigada passarinho.Te amarei para sempre
-Também te amo linda florzinha.
Dito isso,o passarinho a bicou, fazendo-a sorrir e partiu piscando um olho e deixando cair, sem perceber, uma das sementes que ele usara para plantar aquele lindo jardim.