sábado, 28 de maio de 2016

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O vaga-lume que não piscava

Era uma vez um vaga-lume que não piscava. Por isso muitos vaga-lumes faziam chacota dele dizendo:
-Acho que sua lâmpada está quebrada. Por que não vai trocá-la? 
Mas o Vaga-lume nem ligava para as gozações. Simplesmente voava acompanhando a família. Gostava também de auxiliar outros do grupo a se manterem unidos usando outros recursos já que não dispunha de luz. Com a deficiência, criou técnicas de canto, dança e outros códigos de comunicação. Até escreveu um livro em que ensinava habilidades que poderiam ampliar o uso dos sentidos para além da visão.
Devido a sua inteligência e preocupação com os semelhantes, mesmo com os preconceitos sofridos, tornou-se muito querido.
Certo dia houve uma grande tempestade na região em que a comunidade Pisca-Pisca se reunia. Durante a tormenta, um forte raio caiu atingindo o vaga-lume sem luz. Para o espanto de todos, ele não morreu, mas estava mais vivo que nunca. Ele brilhava agora como nenhum outro do bando. 
E logo, tornou-se o líder dos vaga-lumes.

sexta-feira, 27 de maio de 2016







Morbis


Certa vez, uma princesa estava cavalgando por uma floresta e apareceu em sua direção uma enorme cobra. Seu cavalo, tentando esquiva-se dela, ficou muito agitado, pondo-se a correr desesperadamente.
Mas um belo camponês, montado em seu cavalo, perseguiu o outro com muita rapidez. Até que, encostando sua montaria ao lado da princesa, conseguiu frear o cavalo assustado.
Depois de uma breve conversa e encontros na alta torre do castelo de Crowney com a companhia de seu amigo Ulisses, eles se apaixonaram.
 Mas a mãe da princesa, que era uma rainha muito vaidosa, não aceitava que a filha se casasse com alguém de classe inferior.
Então, um dia ela foi até a casa do rapaz e, fingindo aprovar a relação ofereceu-lhe uma garrafa de suco de laranja natural. Mas era uma poção modificadora. Quem a bebesse se transformaria no que mais temia e não poderia mais morrer.
Nos primeiros goles, o rapaz transformou-se numa criatura que ele chamava de Morbis e que só existia em seus pesadelos. Ele era surpreendente: um tipo de pantera alada exuberante com esqueletos amarelo neon brilhantes sob uma viscosa pele negra. Tinha os dentes caninos avermelhados e olhos que faiscavam o verde das relvas matutinas. 
Como a princesa não sabia o que tinha acontecido, ficou muito triste, achando que seu amado tivesse abandonado-a. Seu desgosto foi tão grande que ela nunca mais quis se casar.
Mas por todos os dias da vida da moça, a pantera a acompanhou, a protegeu e a guiou, tornando-se sua principal companheira.
Depois de séculos e séculos Morbis ainda vive na torre mais alta do castelo.
E devido a sua aparência assustadora ninguém ousa aproximar-se da torre. mas sua luz funciona como um belo projetor durante a noite, que conta a história de um eterno amor.














terça-feira, 24 de maio de 2016






O reino das formigas

Havia um reino de formigas chamado Formitenas.  Nele vivia um rei ditador que amedrontada todo o povo. Ele os forçava a trabalhar como escravos com a ameaça do desobediente ser atirado à cova do tamanduá. 
Um dia uma jovem formiga que havia trabalhado o dia inteiro parou para descansar um pouco. Deitou-se numa folha de oliveira esparramada no chão e ali ficou.
Logo, o exército a encontrou e  levou- a à presença do rei.
-Esta escrava foi vista em ociosidade, portanto, descumprindo as tuas ordens, oh, poderoso rei!- Disse o general.
-Hoje mesmo terá um julgamento perante o povo e veremos o que a acontecerá- respondeu o ditador.
A formiguinha começou a suar frio. Estava com muito medo de seu destino.
E no julgamento, depois da votação dos súditos do rei, que foram em maior parte a favor da cova chegou a vez do povo, que ressoou em uníssono:
-Tamanduá, tamanduá!
Estava decidido. A pobre formiga não veria o sol nascer no dia seguinte. Sua cabeça seria a próxima refeição de seu pior inimigo.
Então, no momento em que a formiguinha foi atirada à cova, ela fechou os olhos. Seria para ela imprudente ver um final tão doloroso. Achou melhor ater-se a apenas senti-lo, já que isso seria inevitável mesmo.
E com os olhos cerrados, manteve-se quieta, esperando a passagem para o outro mundo. Passou-se o que pareceu um, dois, dez minutos em seu cálculo mental e nada, absolutamente nada aconteceu.
Foi então que abriu os olhos. Um tamanduá gigante a espreitava com os olhos bem abertos.
-Espere- disse ela ao mamífero- Você não vai me matar?
-Claro que não- respondeu o tamanduá.-Eu não mato ninguém. Estava esperando você acordar.
Dito isto, o gigante a tomou em sua pata e a levou para um grande buraco que havia cavado. E desceu com ela por ele. Até que chegaram a uma passagem secreta que dava para um lugar onde haviam muitas formigas.
E a formiguinha ficou muito feliz de ainda estar viva e também quando descobriu que aquela era a habitação de todos os que haviam sido lançados à cova.
Soube ainda que o tamanduá era amigo das formigas e se alimentava de plantas silvestres da floresta, nesse lugar de refúgio.
Mas a jovem formiga desejou que todos os escravos de Formitenas também tivessem liberdade. Por isso, criou um plano para salvá-los.
Voltou disfarçada para sua terra e, escondida das vistas do rei, fez com que todo o povo soubesse o que estava acontecendo.
No dia seguinte, houve uma grande rebelião em todo o reino. Ninguém queria trabalhar e todos foram atirados na cova do tamanduá. 
Assim, todos os escravos foram libertados. O rei, que ficou rei sem quem pudesse dominar, teve que aprender a trabalhar junto com os que restaram.
E a jovem formiga foi coroada rainha de um novo reino, que foi chamado de Formidade, pois amava a liberdade.












segunda-feira, 23 de maio de 2016



Laranja azul

Havia um camponês que era apaixonado por uma bela princesa. Mas, depois de muitos anos, decidiu esquecê-la por perceber que se tratava de um amor impossível.
Tentou ocupar-se em seus trabalhos, interessar-se por outras, mas nada parecia funcionar para ele.
Percebeu que seu caso era um tipo de doença e começou a dedicar-se a pesquisá-la.
Fez vários estudos e experiências. E, para sua grande surpresa, acabou criando um remédio que podia curar qualquer doença, menos a sua.
Nesse tempo, o rei foi acometido por uma grave doença. Chamou todos os médicos do reino para curá-lo, mas nenhum deles conseguiu. 
Foi aí que o jovem viu que estava diante de uma oportunidade. E apresentando-se  ao rei disse:

-Tenho oh digníssimo rei, um remédio que pode restaurar-te a saúde.

-Traga-me-pediu o rei. 
-Mas se eu o trouxer, me darás algo em troca? - quis saber o jovem.
-Tens a palavra do rei. -confirmou o moribundo.-Mas e se falhares? 

E o rapaz disse:
-Perdoe-me minha sinceridade, mas vês como está delicada tua situação. Hoje mesmo teu tempo de vida parece querer deixar-te. E talvez eu seja tua salvação.

Então o conselheiro aproximou-se para retirar o rapaz que falava audaciosamente.

Mas o rei fez sinal para que prosseguisse:
-Se eu não obtiver exito nessa missão, não estarás mais aqui para punir-me. Mas como prova de que podes confiar em mim, se eu estiver mentindo, me colocarei perante teus súditos aqui presentes como um traidor do rei e portanto digno de ser desertado como bem manda a lei. 

-Está certo.- Disse o rei às tosses.

E o jovem, curvando -se em reverência retirando seu chapéu, saiu da presença de sua majestade, deixando o palácio.
No dia seguinte  apresentou -se novamente trazendo uma caixa de madeira embrulhada num tecido escarlate.
Dentro da caixa havia uma fruta, semelhante a uma laranja de cor azul. E o rei tomando-a em sua mão trêmula, provou-a. Passados alguns minutos, deu um salto da cama. 

Logo estava totalmente curado.  E abraçando o rapaz, caminhou com ele bradando em alta voz.
-Que alegria, que alegria!  Que dia especial!  Nunca me esquecerei do que me fizestes, meu jovem.

E agora, podes pedir-me o que desejas. 

O camponês então respondeu:
- A única coisa que te peço é a cura que nenhum estudo pode dar:A mão de tua filha.
Naquele mesmo dia, o camponês recebeu a princesa como sua esposa. E seu coração foi curado.

quinta-feira, 19 de maio de 2016





Um livro especial

Havia um mendigo que ficava sentado em frente a uma biblioteca pública. Algumas pessoas paravam e o lançavam uma ou algumas poucas moedas.
Esse homem paupérrimo estava acostumado a ser visto naquele ponto por anos a fio, mas não por um acaso. A verdade é que, mesmo não possuindo recursos ele era um amante aficionado por leituras.Era a única coisa que o fazia esquecer de sua condição e passar o tempo.
Sempre pegava um livro e o devorava em pouco tempo. Já havia lido mais de duzentas obras, dentre elas de Shakespeare, C. S Lewis,Victor Hugo, Charles Nodier e outros.
Um dia, ao dirigir-se ao balcão de atendimento da biblioteca, notou que havia uma nova funcionária. Ela era muito bonita:Estatura mediana, longos cabelos castanhos presos e olhos amendoados. Aparentava uns vinte anos e usava um curioso vestido dourado.
Como já havia pedido e usado sugestões de todos os outros servidores do local, achou que seria interessante perguntar a ela:
-Será que você poderia me indicar um bom livro?
A mulher examinando-o de cima a baixo disse:
-Eu estava mesmo te esperando. Venha.
O homem sem entender, seguiu a estranha.
Entraram numa pequena sala vazia, exceto pelos muitos livros localizados nas altas prateleiras de uma estante muito branca.
Subindo numa cadeira, a mulher retirou um grosso livro e o entregou. 
-Tome, este é o melhor que você pode ler na vida. 
Ao tomá-lo, o homem verificou que não havia título nele.
-Que estranho- Pensou- Mas mesmo assim quero saber o que esse livro tem de tão especial.
O mendigo curioso tremeu suas mãos, como sempre fazia quando ficava ansioso com alguma leitura.
Porém, não achou prudente abri-lo no momento. Quis esperar até ficar sozinho.Sua imaginação fluía melhor quando não havia companhia. Era o que pensava.
Então, quando o silêncio da noite abraçou as luzes artificiais da cidade, ele sentou-se numa praça pública e abriu o misterioso exemplar sem nome.
Mas tamanha foi sua surpresa quando viu que o livro estava completamente vazio.Nenhuma palavra ou gravura. Nada. Apenas folhas em branco.
-Isso não é livro. É uma espécie de caderno, sei lá. Acho que fui enganado- Resmungou o indigente.
E deitou a brochura num banco para usá-la como travesseiro.
-Pelo menos pode ter uma utilidade por esta noite- Disse ao encostar sobre ele a cabeça.
Percebeu, entretanto, que havia algo de irregular nele e sentiu-se incomodado. Por isso, lançou-o  ao chão reclamando indignado:.
E voltou a deitar de lado no banco.
-Eu acho que sem isso estou melhor- Balbuciou enquanto pegava no sono encarando o livro, como se estivesse discutindo com um ser inanimado por ter sido ludibriado.
Foi quando caiu uma caneta de dentro do exemplar que até então nem havia sido notada.
Mas o peso dos olhos fez com que adormecesse rapidamente, não podendo mais pensar em nada.
No dia seguinte,pegou algumas moedas e comprou um lanche simples para acalmar o estômago que já pedia socorro.
Depois voltou ao banco, retirou do chão o livro e a caneta que ainda estavam lá e retornou a biblioteca.
Imediatamente foi procurar a funcionária que havia iludido-o. Queria explicações plausíveis.
Procurou a mulher, questionando a todos os funcionários sobre ela. Mas, inexplicavelmente nenhum conhecia uma funcionária com as características descritas.
Ficou desolado. Será que imaginou ou que nenhum funcionário era bom fisionomista o bastante. 
"Como eles poderiam esquecer a aparência de uma colega? E talvez ele não trabalhe mais lá. Deve ter sido reprovada em algum teste de seleção para o cargo.Também, pudera. Ela é horrível. Nem sabe indicar uma leitura. Algo tão básico"- Ponderou.
Em seguida, sentou-se numa mesa. Colocou o estranho livro em sua frente e olhou-o de maneira ameaçadora. Como se toda a culpa devida da mulher estivesse sendo transferida para um objeto que não podia defender-se.
Levantou-se, deixando o livro ali, indefeso e sozinho. Depois sentiu compaixão. Já havia sido abandonado e julgado tantas vezes. Sentiu que não deveria fazer o mesmo com um conjunto de folhas reunidas que poderiam estar sentindo-se carentes.
"Se não sabem da existência daquela moça que é um ser vivo, imagina dessa criatura , que é uma espécie de árvore sacrificada processada. Não, ela não merece isso."- Refletiu seriamente.
E tomou de volta aquilo que não sabia como chamar agora, com sua fiel companheira, uma caneta.
"Acho que estou lendo demais. Estou até me apegando ao papel como se fosse minha própria família.
De repente, teve uma ideia.Parecia que os maiores escritores de todos os tempos saíram das prateleiras e sopraram forte em seus ouvidos.
"Escreva um livro"
-Sim, claro, por que não?- Respondeu ao invisível.
E abrindo o grande caderno com formato de livro começou a escrever nele com a caneta que já havia antes colocado no bolso da calça. 
Todos os dias entrava nessa mesma sala , abria o livro e trabalhava. Palavra por palavra remontava uma história de um  príncipe que conheceu a mulher de sua vida, se casaram e tiveram uma belíssima família.
Parecia um conto de fadas como qualquer outro, mas não era. Não para ele, pois sonhava mais que tudo em ser o príncipe da história.
E quando o mendigo escrevia a ultima frase de um enredo fascinante: "E viveram felizes para sempre"ele foi sugado pelo livro.
Agora, aquela era a sua história , fruto do que ele próprio escreveu.













quarta-feira, 18 de maio de 2016



O pianista

Sábado à noite. Não havia aula no Colégio Munick, mas o zelador estava faxinando o prédio como seu ofício.
Estava totalmente sozinho, por isso achou estranho quando ouviu um som de piano sendo tocado no segundo andar.
Subiu as escadas lentamente.
- Quem será que está lá? Mas se for um dos alunos o diretor vai ficar sabendo. -Resmungou.
Abriu a porta da sala de música. Nela, um menino de costas tocando uma linda canção num magnífico piano de cauda.
No primeiro momento não quis interromper. A música lhe soava tão bem que sentou-se escondido para ouvi-la.
Mas depois sentiu que deveria cumprir seu dever. Aproximando-se do pianista disse com firmeza.
- Quem é você?
Mas o menino parecia nem ter notado sua presença e manteve seus dedos nas notas magistralmente.
Então o homem insistiu.
- Eu estou dizendo. Se você não sair daqui agora eu vou tirá -lo a forças.
Novamente o zelador foi ignorado.
- Ah então é assim? Você vai ver agora. Vou ligar para o diretor-ameaçou o homem.
De repente uma outra pessoa entrou na sala de música .
O homem se escondeu antes que ela o visse. Queria saber o que estava acontecendo.
Era uma mulher que aparentava uns trinta anos. Nem gorda, nem magra. Usava um vestido azul turquesa e um elegante penteado sob um chapéu de centro aberto.
O menino então virou -se e deu um largo sorriso, voltando em seguida a concentrar -se em sua música. Mas a mulher disse sentando-se ao seu lado.
-É uma belíssima composição meu querido. Sugiro que a mostre a senhora Spock. Ela vai querer comprá -la com certeza.
-Essa voz-sussurrou o zelador-Eu a reconheço.
Foi então que ele saiu de seu esconderijo. Sabia que era inútil ficar lá porque os dois não poderiam vê -lo. E ninguém poderia ver os dois além dele porque eles estavam em suas lembranças.
O menino era ele mesmo e a mulher, sua mãe.
Seu sonho quando criança era ser um grande pianista e a mãe era sua maior incentivadora.
Quando ela morreu, ele foi enviado a um orfanato e nunca mais tocou.
Mas aquela lembrança havia despertado algo de especial no zelador:um desejo de voltar ao passado.
Sentou-se no piano. Ajeitou os óculos. E as notas que há tanto tempo haviam lhe fugido da mente retornaram como um raio.
Tocou aquela canção que compusera na infância.
Depois disso não parou mais de tocar e tornou-se o maior pianista do mundo. 

terça-feira, 17 de maio de 2016



A herança



Breno havia acabado de mudar-se para a mansão que recebera de herança do avô que falecera.
Era uma construção muito antiga de estilo esmerado. E o que lhe chamou a atenção foi a quantidade de quadros  que possuía.
Mas havia um que chamou-lhe especialmente a atenção. Era a de uma mulher alta e esguia, de cabelos castanhos compridos esvoaçados pelo vento marítimo. Ela caminhava pela praia com um longo vestido branco e sorria.
Mesmo que isso parecesse bem estranho, o homem não conseguia mais parar de observá-la. Todos os dias  ficava admirando-a como se estivesse num encontro romântico. E começou a apaixonar-se por aquela pintura.
Um dia, enquanto olhava para a mulher, imaginou que ela estivesse chamando-o . Tocou no quadro e logo em seguida entrou dentro dele. 
Sentiu sua cabeça girar com as cores que descortinaram-se em seus olhos: verde, azul, amarelo e lilás.
De repente se viu naquela mesma praia da pintura e a mulher por quem se apaixonara estava lentamente se aproximando.
-Quem é você?- Perguntou.
Mas ela nada respondeu. Apenas sorriu entregando-lhe uma pequena caixa.
Breno a abriu e tirou de dentro dela uma chave. E a mulher desapareceu completamente, como se fôsse apenas uma visão.
Quando percebeu, já estava de volta a sua casa de frente ao quadro da mulher. Foi aí que começou a examiná-lo  com tamanha curiosidade.
No momento em que virou-o para observar suas costas, notou que havia nele uma fechadura. Foi só então que percebeu que levava a chave que recebera da mulher.
-Que estranho- Pensou- Achei que tinha sido minha imaginação.
E testou a chave no buraco da fechadura. Imediatamente saiu dele a mulher da praia.
Agora estavam de frente, um para o outro. Agora só poderia ser real, não um sonho ou visão.
Então, a mulher contou-lhe sua história. Era uma mulher que havia sido aprisionada na mansão por um duende que fora rejeitado por ela.
E a maldição só poderia ser quebrada por um homem que a amasse à primeira vista.
-E foi o que aconteceu. Disse Breno.
E um beijo de amor encerrou o início de uma bela história.

sábado, 14 de maio de 2016




O poço dos desejos

Havia uma jovem chamada Isabel. Ela tinha muitas virtudes, como: beleza, carisma, inteligência e bondade.
Mas dentro dela havia um grande vazio que ninguém compreendia. Todos os seus amigos sempre se apaixonavam e se casavam..
-"Meu coração é oco.Ninguém o preenche"- Dizia para as amigas desabafando-se.
Mas elas sempre a consolavam dizendo coisas como:
"Você ainda é jovem. Vai acontecer um dia", " Não chegou o momento certo ainda" ou "  Vai valer a pena esperar".
Mas nenhuma frase conseguia acalmar sua frustração.
Até que um dia ela foi ao poço dos desejos lançou uma moeda e pediu:
-Quero um rapaz que seja o único para mim e com quem eu queira viver para sempre.
Do interior do poço ela ouviu uma voz como um eco que dizia:
-Isabeeell, este rapaaaz  exiiiste em teu pensameeeento.
-Como assim? - Quis saber a garota.
-Eesse que buuuscas. Feeeches os oolhos, mentaliiize-o. Ele virá a vocêee. Tua meeente, ela o atrairáaa.
-Bobagem- Disse a moça angustiada. Se eu pudesse retirar essa moeda que lancei, ah, faria isso agora. Que perda de tempo!
E os dias foram passando, bem como os meses e anos, que trouxeram a Isabel os primeiros cabelos brancos.
Até que ela olhou-se no espelho, já com seus quarenta anos e pensou:
-Ah, a imagem me diz que sou bela ainda, mas os rapazes parecem assustar-se com a minha idade. O tempo, ele tem sido suave, mas o preconceito  tenta estremecer os meus ideais.
Foi até a janela de seu quarto e lembrou-se do passado, aquele onde ela sentia-se livre para escolher entre muitos candidatos. Quis voar com o vento para algum lugar onde deixou suas asas.
Nesse exato momento, veio à tona o poço dos desejos. Sabia que ele só poderia ser sua imaginação. Mas gostava de confiar nela, pois a via como um cobertor quentinho que a aquecia nos dias mais frios.
Dentro dela sempre haviam duas pessoas: Uma que amadurecia com a velocidade da luz e a outra que congelou-se com a neve que conheceu na infância, que a fazia pensar nos bonecos de neve que poderia criar e em todas as outras possibilidades que a infância trazia.
De repente o lado maduro que há tanto havia ignorado falou novamente:
-Lembra-se? Ele ainda está em tua mente!
-Sim- respondeu a mulher- Agora eu sei. Vou escutá-la agora.
Todos os dias começou a sonhar com um príncipe que a salvava de um horrível dragão gigante cuspidor de fogo que se chamava Solidão.
Sonhava acordada e dormindo, mas sempre sonhava.
E exatamente um ano após suas aventuras secretas, elas começaram a se tornar realidade quando avistou um homem exatamente igual ao que sua mente criara.
-Mas você parece ter saído de minha mente- Disse ela ao namorado um dia.
E a resposta foi tão surpreendente que arrebatou seus sentidos.
-E eu saí porque aqui fora eu posso te ver de frente , olhar em seus olhos e dizer o quanto te amo.
Então, noites depois, refletiu pela mesma janela de sua juventude com um embrulhinho nas mãos:
"Ele não pode estar só em minha mente agora. Nós nos casamos e esta é nossa filha, fruto de nosso amor."
Foi só assim que Isabel acordou do sonho para onde não mais quis voltar, pois a realidade parecia ser muito mais interessante...








A lição da corda




Um homem que tinha dois filhos. Frequentemente os meninos estavam brigando.
Um dia a discórdia foi em torno de um brinquedo que ambos queriam. 

Mas o pai pediu:
-Não discutam, crianças. 
-Ele que começou-disse o primeiro. 
E o outro retrucou :
-Ele é sempre tão egoísta! 
Logo o homem criou uma solução :
-Vamos ter que descobrir quem está certo.
Frases acusativas se interpuseram sem ordem. 
Foram muitos:"foi ele" "mas ele""ele sempre""ele é"e assim por diante. 
Mas o pai pediu silêncio. 
-Esperem. Precisamos de uma corda para decidir. 
E eles correndo como numa competição trouxeram uma corda ao pai. 
O homem então, entregou uma das extremidades a um filho e a outra ao outro. 
Em seguida pediu que eles puxassem cada um a sua extremidade com a maior força que conseguissem. 
-Agora vamos ver quem vence essa disputa. 
Cada um fez um grande esforço para provar que era o melhor. 
Aquilo se parecia com uma brincadeira de cabo de guerra comum. 
Passados alguns segundos, o pai pegou uma tesoura e cortou o meio da corda. Mas isso tão rapidamente que os filhos só perceberam quando já estavam cada um de um lado, agora caídos no chão. 
-Aiii! Disseram os garotos. 
Até que um reclamou indignado. 
-Paaaii. 
Seguido do outro. 
-Mas não deu pra ver quem venceu. 
E o pai disse 
-Nenhum dos dois. 
Mais protestos. Até que o homem explicou:
-Uma desavença é um cabo de guerra. Cada um puxa para um lado. 
E quando ela acaba sem que haja tréguas os dois lados sempre sairão machucados. Não há vitorioso! 
Assim, os irmãos aprenderam uma lição que jamais se esqueceriam. 

quarta-feira, 11 de maio de 2016



Pote de abelhas


Era uma vez sete abelhas irmãs que moravam num casulo no topo de uma árvore. Ela estava localizada num grande campo.
Um dia um lenhador veio e cortou todas as árvores da região, deixando para o final a casa das abelhas.
Iria realizar seu último trabalho do dia depois de parar para um lanche.
Sentou-se para descansar. Abriu uma sacola e retirou dela um pote de biscoitos.
Nesse momento ficaram torcendo para que algo acontecesse e ele desistisse da ideia.
Estavam naquela casa a tantos anos que não suportavam pensar em serem desapropriados dela.
Com medo da situação algumas começaram a chorar.
Pobres abelhinhas! Estavam prestes a perder seu abrigo e não sabiam para onde ir.
Mas uma das abelhas, a mais esperta teve uma ideia:
-Ei, porque estamos tão tristes? Vamos lutar!
-Mas o que faremos? -perguntou uma outra.
-O plano é o seguinte.
Cochichos e exclamações juntaram -se.
Decidiram aceitar a sugestão da abelha.
O que tinham a perder?
Minutos depois o lenhador tomou seu pote. Estava tão faminto e os biscoitos estavam tão deliciosos que começou a devorá-los.
Então, sem que ele percebesse, as abelhas voaram para o interior do pote.
E quando o homem foi apanhar novamente a comida ...
Zuuumm... Zuuumm...
Sete abelhinhas picaram sua mão. Ele sentiu tanta dor que fugiu correndo.
Depois do susto, o lenhador nunca mais voltou para esse campo.
E as abelhas comemoraram sua vitória, sentindo-se muito gratas pela esperteza da irmã. 

terça-feira, 10 de maio de 2016

O nanquito

Os nanquitos são criaturas fantásticas que vivem escondidos dentro dos tetos e paredes das construções. Eles possuem o tamanho de um grão de arroz e se assemelham a mini dragões com asas. Mas nunca podem ser observados pelos seres humanos. Se alguém avistar um nanquito torna-se imediatamente um também e quem for visto é banido para um lugar assustador dentro do chão, onde há muita tristeza e em hipótese alguma eles podem sair.
Por isso, até hoje ninguém jamais conseguiu contar como eles são. 
Havia um nanquito chamado Zuren que vivia na parede, atrás de um quadro em um museu.
Ele queria passear um pouco fora de seu mundo, como faziam todos os nanquitos dos edifícios abandonados ou vazios.
Então, numa noite, quando o expediente do museu havia acabado e todos os funcionários já tinham ido embora, Zuren pulou para fora do quadro. "Será tão divertido "-pensou
Todavia, o nanquito não imaginava que sua aventura o levaria para um grande perigo. Um dos funcionários do museu estava no local. Ele perdera as chaves de casa e estava procurando-as. Ao sentar-se numa cadeira e agachar-se tateando o interior de uma gaveta, a criaturinha mirou-o. Estava por cima da escrivaninha há cinco centímetros do braço do funcionário. Podia até sentir seu calor, quando o homem virou o rosto rapidamente em sua direção.
-Onde será que coloquei minhas chaves?
Os olhos do humano estavam agora há dois centímetros de Zuren, que em pânico, disse a si mesmo:
"Pronto, agora fui descoberto.Estou perdido!"
E a criatura ficou aguardando as inevitáveis consequências.
"Que fim triste para um belo nanquito! Eu não quero ir para o chão. Eu não mereço isso. Foi tudo tão de repente. Não queria.Sempre fui bom. E esse homem, que pena dele! Pode não querer ser um de nós e..."
Mas nada aconteceu.
"Espere"- Zuren continuou seu monólogo-"Por que não houve transformação?"
E como o funcionário parecia olhar fixo para a frente, sem piscar, a criatura ficou curiosa e virou-se para ver o mesmo que ele.
Mas não havia nada ali que explicasse aquilo, apenas móveis e objetos antigos.
O homem então levantou-se. Parecia estar disposto a deixar a sala para ir embora. Abriu sua bolsa e pôs seus óculos escuros. Em seguida tomou uma bengala que descansava sobre um guarda bagagem.
"Como ele conseguiu burlar nosso sistema?- Refletia ainda o nanquito.
Foi quando a criatura viu no assoalho, próximo a porta de saída um molho de chaves caído.
"Entendi!"- Encerrou a auto conversa e iniciou uma com o homem:
-Está a sua frente, bem no chão, perto da porta.
Finalmente o nanquito havia entendido.O funcionário era cego. Estavam salvos!
E o homem cego saiu dali contando a todos que sua intuição havia gritado para ele, algo que acontece a todos os que não enxergam com os olhos.