quinta-feira, 14 de julho de 2016



Asas do amor


Há muitos anos atrás havia um reino chamado Zambroah onde morava um bondoso rei cujo nome era Augustus.
Um dia, sua esposa, a rainha morreu e ele ficou muito triste porque a amava muito. E, embora o tempo consiga curar muitas coisas, com o passar dos dias e semanas, ele tornou-se cada vez mais deprimido pela ausência da amada. Até que sua melancolia o levou a loucura.
Ele ficou tão insano que começou a acreditar que era um pássaro e que suas asas foram cortadas. Fazia frequentemente questionamentos como:
-Onde estão minhas asas? Eu devo tê-las deixado em algum lugar. Será que um bom pássaro nunca mais poderá voar?
Seu único filho, o príncipe Raniel, muito preocupado com a situação começou a consultar todos os sábios do reino sobre o que fazer. Mas nenhum deles foi capaz de apresentar uma solução.
Em seguida pediu ajuda aos médicos. Mas de forma semelhante, nenhum deles conhecia  remédio ou cirurgia que pudesse curar o rei.
Por isso o príncipe ficou tão triste que também enlouqueceu. Também passou a achar que era um pássaro e que suas asas tinham sido cortadas.
Como não havia sucessor ao trono, os príncipes dos reinos vizinhos decidiram que Diva, uma rainha viúva de um reino amigo deveria assumir o reinado com a ajuda de sua filha, Sofia.
Assim, Diva foi coroada a nova rainha de Zambroah, sendo agora Sofia sua sucessora.
A rainha e a princesa eram muito bondosas e gentis. Logo, não demorou muito para que todo o povo as estimasse imensamente.
Mesmo que o rei e o príncipe antigos não tivessem mais condições de reinar , Diva e Sofia os incluíam em todas as festas, cerimônias e até decisões. De alguma forma elas pareciam ouvi-los e admirá-los.
Foi assim que, com todos os cuidados e atenções, a rainha se apaixonou pelo rei e a princesa pelo príncipe.
E, de uma forma que só o amor consegue explicar, pouco a pouco Augustus e Raniel retomaram a consciência da realidade e voltaram a ser sãos.
Tempos depois, o rei casou-se com a rainha e o príncipe com a princesa.
Agora todo o reino de Zambroah nunca mais se esqueceria a lição mais importante dos seus quatro líderes."Que só o amor é capaz de nos dar asas".




quarta-feira, 13 de julho de 2016



Borboleta de encomenda


Era uma bela manhã de verão. Sara estava completando dezoito anos. Já havia recebido presentes e o comemoraria com um grande bolo ao lado da família no final do dia. Mas estava aguardando ansiosamente algo...
Foram dados três toques na porta. Sara correu muito animada. O encomendador entregou-a um pequeno embrulho com um laço vermelho.
Sua mãe fitou-a com uma interrogação no rosto. Mas a jovem antecipou-se:
- É o meu presente de aniversário de Roberto.
Sara e Roberto eram grandes amigos desde os cinco anos. Mas Roberto havia ido morar com a família em outro país e há três anos e desde então o único contato que tinham era o virtual.
A mãe calou-se então e respeitou o momento da filha que disparou até o andar de cima rumo ao seu quarto. Depois de trancar a porta, abriu alegremente o embrulho, onde já podia ver uma pequena caixinha cor-de-rosa.
- Mas que gracinha. O que será que tem aqui dentro? - monologou a menina.
A caixinha era tão delicada e perfumada que gostou da sensação de abri-la. Sempre acreditou que um presente deve ser bem apresentável porque mesmo que ele não seja aquilo que se espera ele será bem recebido.
Naquele momento era o que estava pensando. A cada ano o amigo conseguia fazê-la uma fantástica surpresa, como no ano passado, que colocou dentro de uma caixa minúscula convites para as Olimpíadas de Inverno de Bartor e no ano retrasado que enviou-a dinheiro suficiente para que fizesse uma viagem para sua cidade dos sonhos, Anestesia, onde levou sua mãe.
Agora, qual seria o grande presente que receberia? Mesmo que não fosse tão bom quanto dos outros anos sabia que não se importaria, pois sua própria amizade era o maior presente que Roberto podia oferecê-la.
Deixou de pensar em tudo isso quando finalmente conseguiu abrir a caixa que estava muito bem lacrada.
E teve uma grande surpresa quando viu o que havia lá dentro.
- Borboleta. Borboleta?
Agora Sara estava confusa. Não era Roberto o amigo mais criativo e a autor dos melhores presentes de aniversário do mundo?
Mas como já havia garantido a si mesma, não poderia abalar-se com o produto da embalagem, pois ela por si só já demonstrava carinho suficiente.
Decidiu ser grata, contrariando suas auto-objeções.
Não havia motivo para duvidar de que aquele era um presente especial.
-Tudo bem,  esta borboleta é de fato simpática e afetuosa. Gosto de suas cores também. Mas como ela conseguiu sobreviver?
Suas perguntas internas eram tantas, mas sabia que nenhuma delas poderiam ter respostas a menos que ela simplesmente perguntasse ao amigo ou lesse dele uma explicação.
-Espere- dentro da caixa tem um cartão.- Disse a moça afastando a pequena borboleta que, curiosamente permanecia dentro da caixa, como se aguardasse ordens para sair obedientemente.
Leu então o cartão que dizia:

"Oi,Sara! Feliz aniversário! Esta não é qualquer borboleta. Seu nome é Maribel. Se você chamá-la pelo nome pode fazer um pedido. Eu a encontrei num jardim e ela me contou. Mas lembre-se que esta só pode concedê-la um único desejo antes que volte para seu mundo dos sonhos.Confio que você saberá pedir o melhor! Seu eterno amigo, Roberto"

Ao ler essas palavras, Sara chorou. Como seu amigo podia ser tão leal a ela mesmo tão distante? Quantas pessoas em sua situação fariam o pedido ao invés de pensarem em doá-la a outra pessoa?
Percebeu agora que seu amigo não era qualquer um, mas de fato o melhor amigo de todo o universo , uma espécie de anjo. Assim,já sabia o que pediria.
Tomou a borboleta perfumada em sua mão e disse:
- Desejo que meu melhor amigo, Roberto tenha aquilo que mais deseja em sua vida.
E imediatamente a borboleta desapareceu. Mas Sara sentiu um grande impulso de olhar pela janela.
Sua surpresa foi tão grande ao ver várias daquelas borboletas e ao lado delas uma linda carruagem, de onde saiu seu amigo, que agora era um príncipe. Também haviam várias pessoas muito bem vestidas sentadas em bancos muito brancos. Agora seu jardim transformara-se num cenário de um banquete medieval. Sem dúvida estava sendo dada uma grande festa ali.
Ao descer as escadas, olhou de relance no espelho próximo da porta e viu sua imagem refletida. Ela estava trajando um lindo vestido de noiva. Foi então que percebeu que aquela festa era seu próprio casamento.
Como nunca soube que, desde sempre ela fora apaixonada por Roberto e que era recíproco? Correu então para os braços do amado e viveram felizes para sempre...








terça-feira, 12 de julho de 2016




A galinha e o avestruz


Um dia houve um incêndio na fazenda do senhor Neimar. Como haviam muitas árvores próximas umas das outras, o fogo estava se alastrando bem rapidamente. E os bichos correram em disparada para se proteger.
Mas havia uma galinha que estava com a pata quebrada. Um avestruz que corria bem rapidamente vendo-a, decidiu parar.
-Oh, pobre galinha, suba em minha asa que eu te levo para longe daqui.
-Mas eu- respondeu a galinha- tenho que voltar pra buscar algo.
E o avestruz perguntou:
- Vamos então, eu a esperarei aqui até que tragas o que esquecestes.
E a galinha muito contente com a disposição daquele estranho acabou se esquecendo do que perdera. Assim, montou em seu novo amigo.
Logo, os dois já estavam a uma grande distância do fogo e a salvos.
A essa altura a galinha começou a notar o quão bonito, alto e atraente era o seu protetor.
-Eu não sei o que, mas eu tenho a sensação de ter esquecido algo.- disse a galinha.
Mas ela estava tão fascinada com a imagem de seu herói que não conseguia se lembrar do que era.
O avestruz, que era muito gentil, sabendo que a fazenda era muito grande e que talvez mais algum bicho precisasse de ajuda naquela ocasião, quis voltar.
Mas a galinha já havia se afeiçoado dele de tal modo que pediu:
-Não volte. Eu preciso de você aqui. Não vês que tenho a pata quebrada? Se fores embora, quem me protegerá?
E o avestruz insistiu:
-Mas eu preciso salvar mais animais. Há muitos que são fracos...
A galinha então, tão triste ficou que pôs-se a chorar:
-Snif, Snif, não, não vá. E se o fogo te le-var? O que será de de mim?
Até então o avestruz não havia percebido que a galinha havia se apegado tanto assim a ele. E, sentindo compaixão dela teve uma sábia ideia:
-Está bem. Vamos fazer assim.Não precisa chorar. Eu sempre a protegerei , não a abandonarei jamais, mas como há outros que podem estar precisando de mim, eu a levarei comigo para a fazenda.
A galinha a essa altura já havia percebido que não adiantava mais discutir e acabou concordando, mesmo a contragosto.
E os dois se puseram na jornada rumo a um suposto ato heróico.
O primeiro local da busca foi o galinheiro, próximo de onde a galinha fora salva.
- Foi bem aqui- Disse o avestruz- Você tinha me dito que esquecera algo.
O calor aconchegante das asas do avestruz era tão gostoso que a galinha quase não se lembrou de novo. Mas o que ela havia se esquecido por tanto tempo agora estava ali, imóvel, carbonizado. Era um ovo, seu ovo, também a casa do que seria seu primeiro filho, um pintinho, que de fato seria lindo.
Mas agora era tarde demais. Ele nunca nasceria. Seu nascimento fora interrompido por uma paixão impossível.
Logo, a mãe galinha pediu para descer do avestruz. Não queria mais alguém que pudesse se esquecer de si mesma e mais ainda do que lhe era mais caro: a família, que ela precisaria reconstruir agora.







Os três lugares do céu


Um dia, banhistas nadavam numa praia e uma onda gigantesca os arremessou para dentro do oceano.
Uma das pessoas que estava no grupo era uma jovem chamada Catarine.
Depois que seu corpo foi sepultado pelo mar, seu espírito foi subindo até um local que pareceu-lhe um cume acima das nuvens. Ao estacionar ali, ela ouviu:
"Catarine, escolha um dos três lugares do céu"
A garota vasculhou o céu para ver de onde vinha a curiosa voz. Mas não viu nada. Foi quando ouviu de novo :
-Catarine, escolha um dos três lugares do céu.
Aquele que conhecia seu nome era como um raio suave que atingia todas as fibras do seu ser, fazendo-a estremecer de emoção.
Não sabia o que era aquilo. Nunca havia sentido tal coisa, mas sabia que era a mais maravilhosa sensação que jamais experimentara. Tentou traduzi-la como uma massagem delicada em sua alma.
"Eu tenho que escolher. Eu preciso escolher"-pensou.
Mas a dúvida começou a perturba-la.
"Eu não conheço os três lugares. Como posso escolher? "
E, como um eco necessário ao seu maior entendimento a voz se repetiu :
-"Catarine, escolha um dos três lugares do céu".
De repente o céu se enrolou como um pergaminho abrindo -se em seguida.
Notou agora em sua frente que haviam três mundos. Ao olhar para o terceiro quis sorrir, ao olhar para o segundo quis toca -lo. Mas ao olhar para o primeiro desejou la morar.
Foi então que a garota acordou. Agora ela sabia qual dos três lugares escolheria.




segunda-feira, 11 de julho de 2016





A Best -Seller

Lilian era uma escritora Best-Seller, conhecida em todo o mundo por seus livros de ficção. Um dia ela estava sentada em sua escrivaninha. Havia uma caneta e um papel nas mãos, mas a imaginação parecia vazia. Algo muito estranho estava acontecendo com ela. Talvez fôsse o sono ou a pressão de ter que escrever. Mas de todas as possibilidades seu receio maior era a ultima: Seu talento poderia estar se extinguindo.
- Não, isso nunca- Garantiu à sua voz interior. 
Levantou-se e foi até a cozinha. Tomou um copo. Precisava hidratar seu cérebro. Talvez assim ele funcionasse melhor. 
Mas para sua surpresa, ao abrir a torneira, verificou que a água havia acabado. Não podia acreditar. Agora ela a girava o máximo que podia, até que, em sua ultima tentativa, uma simples e pequena gota ameaçou cair. Mas, ao invés de espatifar-se, ela cresceu curiosamente, como se sua sede a alimentasse. O fenômeno continuava enquanto a mulher o acompanhava inerte. A gota transformara-se numa bolha gigante e parecia não querer mais parar. Foi quando, num instinto de auto-proteção, ela abriu uma gaveta de onde retirou um garfo. Espetou então com o objeto aquela coisa, mas ao invés de estourar, puxou-a para dentro.
Lilian gritou por socorro, mas logo imediatamente percebeu que estava dentro de uma espécie de bolha de quase vácuo, que surpreendentemente permitia apenas a respiração, mas não a propagação de sua voz.
"Não posso falar,não posso escrever, mas posso respirar".
De repente, a bolha estourou e ela, sem saber como se viu novamente sentada em sua escrivaninha.
Retomou a caneta e o papel. Foi até a cozinha e encheu um copo com água.
Era tudo sua imaginação. Nada foi real.
Porém, havia uma impressão profunda que ecoava em seus ouvidos agora:
"Quando não puder ouvirmos nada além de nossa própria respiração estamos prontas pra escrever".
-E do que mais uma escritora precisa se não apenas existir? - Refletiu sabiamente.
Logo as palavras era uma vez uma grande gota de água que engolia uma cidade saíram da tinta de sua caneta para o papel. E suas palavras mais uma vez conquistaram o mundo, pois haviam primeiro conquistado a ela mesma.