terça-feira, 13 de dezembro de 2016


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O Vento e a Pena

Uma  pena caira de um pássaro e foi parar em cima de uma pequena Ilha. Mas a pena sentiu-se livre, pois não estava mais presa ao pássaro. Podia ser sózinha, ser ela finalmente, livre para viver sua vida.
Então o sol saiu de trás da montanha e aproximou-se dizendo:
- Ora ora peninha. Sozinha estas tão frágil. Em poucos dias minha luz te transformará em matéria seca. Nenhuma vida restará em ti. 
E a pena sentindo medo disse:
-Por favor, senhor sol deixe-me desfrutar a vida antes que a chuva venha e me leve numa enxurrada. 
-Está bem. Disse o sol . -No que depender de mim, jamais definharás. E afastou-se entre as nuvens. 
A pena sentiu-se feliz e pensou:
"Finalmente vou ser livre"
Então  a chuva ouviu seu nome e desceu  correndo. Mas a peninha pediu:
-Por favor senhora chuva não me molhe. Deixe-me desfrutar a vida  antes que eu me afogue neste mar e nunca mais retorne. 
Assim, a chuva respondeu:
-Tudo bem. Por mim jamais serás arrastada daqui através das águas.
E logo foi molhar outros cantos. 
A pena então pensou novamente:
"Finalmente vou ser livre"
Mas o mar que ouvira seu nome começou a aumentar de volume. E enquanto subia a peninha pediu:
-Por favor senhor mar,não me encubras. Se o fizeres, não resistirei e virarei lembrança. Deixe-me desfrutar a vida, antes que o vento me leve. 
-Está bem-disse o mar- Não te levarei para as minhas profundidades. Dependendo de mim, estarás segura em terra firme.
Mas a pena agora começou a refletir:
"Eu sempre quis ser livre, mas estou tendo tantos desafios sózinha e..."
Então, um vento que passava olhou para a pena e disse:
-Ja não podes voar. Tu sozinha és como uma folha de figueira que levo para onde quero. 
Mas a pobre peninha implorou:
-Por favor senhor vento, não me leves daqui. Deixe-me  desfrutar a vida...
Mas o vento dando de ombros antes que a pena concluisse sua fala, voltou com mais força dizendo:
-Desculpe. Mas não posso ouvi-la. 
E tomando-a rapidamente levou-a para bem longe. 
Enquanto isso a peninha ficou com muito medo. Não sabia o que a aguardaria. Poderia ser que a morte estivesse vindo tragá-la. Sabia que poderia esperá-la, pois que mais pensaria uma tão frágil pena?
Então o vento aproximou-se de um pássaro que havia pousado no alto de uma colina e deitou em seu lado a pena aflita.
O pássaro então,  tomando-a pelo bico , a repôs às suas asas. Em seguida, alçou um vôo de alívio.Finalmente sua peninha havia sido encontrada e ele se sentia completo.
E, de modo semelhante a pena experimentava a alegria de retornar ao lar.
-Ah, muito obrigada senhor vento. Agora eu sei o que é liberdade e nunca mais quero me perder.
E o vento sorrindo, abraçou-a gentilmente.

Karen Rocha

quinta-feira, 24 de novembro de 2016



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A última montanha

Um velho alpinista  escalava uma montanha muito alta. 
-Esta é a última. Aguente firme.-Dizia alto a si mesmo enquanto se esforçava para alcançar a meta de escalar a montanha de número cem e também a última de sua vida antes de "aposentar-se". 
Seus braços inchados e doloridos aliados as pernas bambas pelo tempo tornavam a tarefa ainda mais desafiadora. 
"Não olhe para baixo. Não olhe jamais." Pensava no que havia aprendido com os anos de experiência. 
As nuvens intrusas começaram a descarregar umas espessas gotas.  Não seriam um obstáculo se suas mãos e pés não estivessem escorregando. 
Agora ele precisava segurar mais firme. 
Sua tensão muscular era tamanha que podia sentir uma dezena de nervos em seu corpo esticando-se. 
A coragem alimentada pelo instinto de sobreviver não lhe permitia desistir. 
Quando finalmente chegou no topo, sua voz  cansada ecoou em alívio. 
- Isso, Isso, sou um campeão! 
De repente,  um enorme Dragão voando ao redor da montanha pousou ao seu lado. 
Seus olhos carmesim lembravam um tom de sangue vivo. 
-O que procuras? -disse o monstro alado. 
Mas o homem não sabia o que dizer. Na verdade nem sabia ao certo o que pensar. Imaginou que a fadiga pudesse ter revirado sua sanidade. E decidiu manter-se quieto até que a suspeita alucinação se fôsse. 
Mas o Dragão também permaneceu ali, imóvel, seus olhos emendando o homem.
Foi então que um pânico tomou conta do velho. Imaginou que a qualquer momento a figura  assustadora pudesse devorá-lo. Fechou os olhos esperando a sua vez. 
Passaram-se minutos, sim, ao que pareceu-lhe muitos deles. Entreabriu um dos olhos, mas para seu espanto o Dragão fazia o mesmo. 
Assim o homem aproveitou-se do estranho fato e pos-se a correr, embora suas pernas não acompanhassem sua mente atlética. 
Mas o Dragão com um simples passo tomou-o numa pata e devolveu-lhe ao chão. 
-Quem é você? Decidiu perguntar o humano. 
E o Dragão elevando um pouco a cabeçorra  e com uma breve baforada, disse:
-Sou você. 
-Eu? -A resposta surpreendeu o velho. 
-Sim. Sou cada um de seus sonhos, cada um de seus medos, cada um de seus triunfos. 
-Como assim? Eu nunca seria algo  tão extraordinariamente... -e conteve -se para não ofendê-lo.
-Assutador? - Perguntou o Dragão.

"Agora eu sei que é minha imaginação porque se não ele não poderia ler minha mente. "-pensou o humano.
-Nao estou  lendo tua mente. Eu sou ela. Sou tão real quanto és capaz de imaginar. -retomou o Dragão. 
-Como saberei que não mentes? 
-Pergunte -me algo que só tu sabes.

Logo muitas perguntas foram feitas e respondidas que nem mesmo as pessoas mais próximas do homem seriam capazes de fazê-lo. 
Já quase convencido de que o estranho era mesmo ele, talvez uma espécie que rondava seu cérebro por anos, voltou a questionar o interlocutor. 
-Suponhamos que tu és meu outro eu, um tipo de Avatar que... 
- Isso mesmo.- Interrompeu-o o Dragão. - Eu sou mesmo muito inteligente, ou melhor... tu és mesmo muito inteligente! E respondendo a tua dúvida...  Sim, eu sou tua forma Avatar. Sem mim não podes subir as montanhas que almejas, mas comigo alcançarás as nuvens. 
-Quero viver em tua forma então 

-Então vá. - Pediu o Dragão-Desças esta montanha e não te esqueças do que há dentro de ti! Se acreditares em mim, tua mente sempre te levará para os lugares mais altos. Só assim seremos um e nada te será impossível! 


Karen Rocha


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Coração de princesa

Um dia um príncipe e seu servo cavalgavam aos redores do reino. 
Quando o príncipe avistou uma bela  camponesa que colhia espigas de trigo, apaixonou -se imediatamente. 
-Quem é ela?- perguntou.
Ao que o servo respondeu :
-Aquela moça se chama Lia. É a filha do padeiro. 
Dito isto o servo percebeu o que se passava e disse:
-Ah, deveras parece ter ficado impressionado com suas habilidades de colhedora ou será que o trigo que buscas é o coração de tal donzela? 
- Ha uma possibilidade de ser as duas coisas. 
Sorrisos fustigantes agitaram o ar. 
Antes que se apresentasse à moça o Príncipe decidiu não revelar sua identidade. Ele queria saber se ela gostaria dele pelo que ele era em sua essência.  Então teve uma ideia. Trocou as roupas com seu servo e fingiu ser ele. 
Em seguida, aproximou-se da moça. 
Após um pequeno diálogo e muitos retornos posteriores, de algum modo os corações dos jovens uniram-se por aquela equação química inexplicável até para os maiores cientistas. 
E numa noite particularmente iluminada com as luzes da cheia lunar,  o príncipe pediu-a em casamento. 
Como o convite foi aceito, finalmente ele revelou seu segredo. 
Os dois então se casaram no Palácio dos Amantes. 
E foi assim que uma pobre camponesa  tornou -se uma princesa, pois seu coração já era nobre. 


Karen Rocha



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O Rei orgulhoso


Havia um rei que era muito orgulhoso. Ele almejava conquistar todos os reinos ao redor. 
Um dia, reuniu um grande exército e ordenou:
"Daqui a uma semana, invadam e dominem tudo o que as vistas puderem alcançar . "
Mas um dos soldados, recentemente integrado as tropas não desejava lutar pelo motivo errado. Por isso recusou -se. 
Então o rei o enviou ao cárcere onde ele ficou junto com os infratores. 
No dia seguinte o soldado foi procurado na prisão, pois seria apresentada sua sentença. 
Mas ele não foi encontrado nem na prisão e em lugar nenhum do reino. 
Havia se passado mais um dia e o soldado foi visto no meio do exército do rei como se nada tivesse acontecido. 
Reconhecendo-o, um dentre o povo enviou-o ao Palácio. E o estranho soldado diante do rei teve  sua sentença decretada:
-Serás mais uma vez aprisionado, mas desta vez com cordas. E logo o soldado foi amarrado e reconduzido ao cárcere. 
Mas no dia seguinte o soldado foi visto novamente entre o exército. 
Quando o rei soube do caso, quis falar com ele mais uma vez. 
-Serás levado as masmorras, minha prisão de segurança máxima. Agora veremos se conseguirás sair de lá. 
Mas, de maneira misteriosa, no dia seguinte o soldado foi encontrado de novo entre a Guarda Real. 
Agora o rei ficou de fato muito furioso e ordenou que o soldado fosse amarrado e enviado naquela mesma hora para a forca. 
Logo, depois de preso com fortes cordas, foi encapuzado e enviado a cena de seu último alento. 
Mas quando o carrasco tirou o capuz do réu como de costume, muitos olhos interrogativos e bravejos se misturaram:era o filho do rei! 
Antes que o rei pudesse entender o que se passava, o  estranho soldado apareceu novamente. Mas desta vez, não estava só. Todo o exército real estava atrás dele. E cada homem atirando sua arma no chão disse essas mesmas palavras em alta voz:
"Não desejamos lutar pelo motivo errado". 
E o soldado misterioso que agora parecia o capitão deles explicou -se:
"Vim de um planeta muito distante. Minha missão aqui é desterrar teu orgulho ó rei! Deves atirar teu desejo de dominar por terra como atiramos nossas armas. 
-Ja basta! Já vi e ouvi muito por hoje! Já que alguém tem que ser sentenciado, todo o exército pagará pelo crime de rebelião! 
Mas todo o povo gritou a uma só voz:
"MISERICORDIA, OH REI! "
Assim o rei não querendo perder o apoio de todo o povo, levantou o braço direito como sinal de ouvir o pedido. 
E o rei, embora tenha se sentido frustrado, também ficou impressionado com o que aquele soldado tinha feito. 
Aproximando -se então do misterioso quis interroga-lo, mas foi impedido pelo assombro que agora ele lhe causava. 
Mas o novo capitão entendeu o que se passava com o rei e explicou :
-O verdadeiro muro é o orgulho. Nenhum pôde  me conter e qualquer um é  capaz de derrubá-lo! 
-Agora entendo. -Disse o rei. -O maior muro que devemos derrubar é o que está dentro de nós e se não o fizermos nossos inimigos internos serão nossa ruína! 
- Isso mesmo. -disse o outro agora satisfeito-Visto que entendestes isso, retornarei ao meu mundo porque minha missão já se cumpriu. 


Karen Rocha





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A menina e o mar

Uma menina estava sentada numa rocha em frente a um grande mar. Seus pensamentos a faziam divagar por mundos desconhecidos. 
Olhando para o céu ela viu muita nuvens que dançavam um ballet preguiçoso. 
-Miro-te agora, pois convém que estejamos sós. -disse baixinho. 
Depois a garota transportou -se por um grande redemoinho para um navio. 
Mas não era uma embarcação comum. Mais parecia com uma mini cidade móvel. Nele havia tudo: hotéis, restaurantes, clubes e shoppings. Aliás, quando viu estes suspeitou que estivesse sonhando porque tal fato beirava para suas concepções,o improvável. 
Agora percebeu que estava em meio a uma grande festa. Os tripulantes animavam-se.
Rapidamente o céu ia encobrindo -se de uma capa negra prateada. 
Mas os fogos eram as verdadeiras estrelas da noite. Muitos deles, sim, centenas ensurdecendo os convidados. 
Até que estava se divertindo, não fosse seus pés latejando. Quis ficar descalça. Deixou-se golpear pelo vento. 
Dirigir-se a proa. Respirou fundo. 
-O que? 
Jamais acreditaria no que vira, não fosse aquela testemunha que estava guardado em seu bolso. Era seu diário que a ouvia contar sobre seu naufrágio. 
E assim a menina passava seus dias até que um resgate a encontrasse. 



Karen Rocha

quarta-feira, 31 de agosto de 2016


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O sábio da montanha


Havia um velho sábio que morava no topo de uma alta montanha. Todos os que necessitavam de conselho para lá se dirigiam. 
Numa noite um jovem viajante apresentou -se ao sábio e disse-lhe:
- Venho andado por muitos quilômetros a tua procura. Agora desejo muito que me respondas algo. 
- Que digas então, meu caro jovem. 
-Sou um andarilho a procura de meu caminho nesta vida. Mas receio ter que desistir de minhas viagens porque por vezes a falta de água vem me devastando. Nos últimos dias quase desfaleci de sede e...
-Prossiga-disse encorajando-o o sábio. 
-Para perseverar em meu caminho gostaria de saber, se é que é possível... Como eu faço para nunca mais ter sede? 
- Ah essa é uma pergunta interessante. -Disse o velho. 
-E então, tem resposta? 
-Para qualquer desafio uma resposta desde que para qualquer resposta haja um desafio. 
-O que queres dizer? 
-Quando a lua incidir em teu coração a resposta virá. 
-Ainda não entendi. -Disse o rapaz. 
-Deves entrar sete vezes no mar em noite de lua cheia. 
-Sério? É só isso? 
-Claro. Respondeu o sábio com segurança. 
-Está certo. Então o farei. 
O rapaz notou que aquela era uma noite de lua cheia e o mar estava próximo dele. Não quis esperar mais. 
Correu para a praia e imergiu-se em suas águas.Mas horas depois sentiu muita sede. 
Voltou então ao sábio e disse nervosamente:
-Você estava errado. Eu fiz o que me dissestes, mas nada mudou comigo. Continuo tendo sede normalmente. 
-Então não mergulhastes nas águas certas-Reagiu o velho. 
Agora o jovem sentiu -se curioso. 
-O que queres dizer? Ha um mar específico onde devo mergulhar? Se sim, diga-me qual é. 
-Voltes para trás e me digas tu. 
Logo, o rapaz intrigado retornou ao mar naquela mesma noite. 
Mas dessa vez reparou algo que há horas não havia notado. Era um barquinho distante. 
Nele haviam pessoas que agitavam os braços em pedido de socorro. 
O rapaz prontamente jogou -se sobre as ondas gélidas noturnas e nadou. 
A cada braçada parecia ouvir a voz do sábio:
"Quando a lua incidir em teu coração, a resposta virá. "
Ao aproximar-se do barco ainda refletindo sobre essas palavras viu que ele estava naufragado. Os tripulantes estavam sem remo e as águas agitadas faziam com que eles sucumbissem um pouco mais a cada segundo. 
Havia uma nítida atmosfera de urgência.
Por isso ele retirou uma das pessoas do barco e levou-a nadando até a praia. Da mesma forma fez com todas as restantes, de uma em uma. 
Depois de não haver mais ninguém no barco, ele decidiu contar os que havia salvado. 
E, para sua surpresa o número das pessoas era sete, exatamente o número de vezes que deveria entrar no mar. 
Voltou então ao velho sábio e disse-lhe:
-Obrigado! Agora eu sei qual o caminho que devo seguir. A sede que mais me incomodava já não sinto mais. 


quarta-feira, 24 de agosto de 2016




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A fadinha do poço

Era uma vez uma fadinha do poço dos desejos. 
Um dia um jovem viajante parou no poço para saciar-se. Por isso, ao abaixar-se nem notou a presença daquela pequena criatura rondando as margens da Fonte de águas límpidas . 
Ela porém estava atenta pois não era sempre que alguém a visitava. Na verdade considerava seu trabalho muito solitário. Mas, sabia que cada fada tinha seu papel e o dela desde que nascera era ali. Deveria realizar um desejo para todos os que bebessem as águas do local, desde o nascer ao pôr da lua. 
Mirou com seus olhinhos arredondados o belo moço que parecia uma notável visão, como um anjo prateado com os olhos azuis. 
Ser fada concedia-a muitos privilégios. Podia transportar-se para qualquer lugar que quisesse num piscar de olhos. 
Em suas viagens conhecera muitas pessoas e lugares fascinantes com arquiteturas antigas e modernas. Vislumbrara a natureza em suas diversas facetas. Mas por algum motivo aquele parecia ser o melhor lugar do mundo e aquele estranho a sua frente o humano mais belo que já vira. 
As purpurinas faiscantes de seus olhos recuaram suas asas e fizeram -na esquecer sua função. 
Quando de repente o rapaz a viu e assustou -se. 
-Que-Quem é você? 
-Sou, sou ah sim-dito isto retomou a compostura tentando disfarçar a voz anteriormente melódica e preguiçosa. -Sou sua fada do poço dos desejos. 
-Uma fada dos desejos? 
-Sim. Respondeu orgulhosa. 
-Você quer dizer que posso fazer um pedido? 
-Siim. -disse ela inclinando-se ligeiramente num sinal costumeiro de reverência. -Você tem direito a um pedido meu senhor. Faça -o e ele te será concedido. 
-Agora não. Respondeu o jovem. 
Uma grande exclamação rondou os pensamentos do pequeno ser. 
-Agora não? 
-Sim, não sei o que pedir agora. O que acha de darmos um passeio? Assim pode ser que enquanto conversamos eu pense em algo que seja realmente importante. Não quero pedir em vão. 
-Acho uma boa ideia. -disse a fada sorrindo. 
Mas no fim de uma longa conversa o jovem ainda não havia se decidido. Disse que voltaria na noite seguinte. E assim seguiu-se por todas as noites durante muito tempo. 
E cada frase e atenção dispensada por ele algo estranho e maravilhoso parecia dominá-la. Nunca se sentira assim. Será que era a paixão que já ouvira falar tantas vezes? 
Mas não queria deixar o coração obstruir o caminho que deveria trilhar. Era fada e sabia que elas nunca se relacionam com humanos. E além disso não sabia se o sentimento dele era recíproco. 
Então, uma noite especialmente enfeitada por uma lua cheia radiante, o rapaz disse :
-Já me decidi! 
-Sério?E o que seria meu senhor? -A fada não sabia o que pensar. Uma contradição lutava dentro dela. Por um lado estava feliz por ele e esperava realizá -lo, mas por outro, aquele seria possivelmente o fim de seus encontros que davam-na uma espécie de asas que ela nunca teve.
Como conseguiria voltar a ser ela, apenas uma fada sem nenhuma intenção de ser algo mais? Começou a achar que sua vida não faria mais sentido. 
E olhando fixamente o rapaz apenas esperou o que diria. 
-Sim.E não precisa me chamar assim. Já somos amigos. Eu desejo que você se torne uma humana como eu. 
E a fadinha transformou -se em uma linda jovem. 
E agora-continuou o rapaz pegando em suas mãos. -Podemos ser mais que amigos se aceitar o meu segundo pedido. Logo, um beijo de amor selou dois corações sedentos. E a lua sorriu contente. 




sábado, 6 de agosto de 2016



Carroção de fogo



No mundo dos sonhos havia um vasto campo com dois carroções:Um de fogo e um de areia. 
Dentro do carroção de fogo estavam algumas pessoas que emanavam um semblante muito alegre. Pareciam completamente deslumbrados com a vida. Suas vestes eram brancas como a pura neve. 

Próximos ao carroção de areia haviam muitas pessoas semelhantes a escravos com argolas de ferro presas aos tornozelos. Eles estavam tristes e confusos. 

Um dia uma menina chamada Maria ao adormecer entrou nesse lugar. 

Mas contemplava a cena de longe, como se não fizesse parte dela. 
Ao passar os olhos ao redor, percebeu que no fundo desse ambiente havia um grande dragão com os olhos de oceanos sentado num trono adornado com ouro. 
A criatura soprava continuamente em direção ao campo criando uma forte ventania. 
O vento resultante atiçava o fogo do carroção tornando -o cada vez mais intenso. 
Mas esse mesmo vento levava a areia para dentro dos olhos do Dragão. 
De repente o Dragão a viu chamando -a com um sussurro. 
A garota começou a ir em sua direção.Mas o Dragão pediu que se virasse e retornasse. Assim, foi andando na direção oposta ao dragão. Foi quando um enorme tapete dourado estendeu -se em linha reta diante dela. 
Começou então a andar por cima dele. Nesse momento, todo o chão ao redor do tapete da estrada que a conduzia aos carroções, sumiu. Havia agora apenas precipícios esfumaçados nas laterais do tapete. 
Depois de caminhar por muitas horas notou que havia uma placa indicativa que a direcionada ao carroção de fogo. 
Obedeceu e entrou nele. Logo, sentiu uma alegria extrema arder em seu coração. Não queria acordar nunca mais. 
Minutos depois o despertador tocou. Estava na hora de Maria seguir pelo tapete dourado no mundo real. 






quinta-feira, 14 de julho de 2016



Asas do amor


Há muitos anos atrás havia um reino chamado Zambroah onde morava um bondoso rei cujo nome era Augustus.
Um dia, sua esposa, a rainha morreu e ele ficou muito triste porque a amava muito. E, embora o tempo consiga curar muitas coisas, com o passar dos dias e semanas, ele tornou-se cada vez mais deprimido pela ausência da amada. Até que sua melancolia o levou a loucura.
Ele ficou tão insano que começou a acreditar que era um pássaro e que suas asas foram cortadas. Fazia frequentemente questionamentos como:
-Onde estão minhas asas? Eu devo tê-las deixado em algum lugar. Será que um bom pássaro nunca mais poderá voar?
Seu único filho, o príncipe Raniel, muito preocupado com a situação começou a consultar todos os sábios do reino sobre o que fazer. Mas nenhum deles foi capaz de apresentar uma solução.
Em seguida pediu ajuda aos médicos. Mas de forma semelhante, nenhum deles conhecia  remédio ou cirurgia que pudesse curar o rei.
Por isso o príncipe ficou tão triste que também enlouqueceu. Também passou a achar que era um pássaro e que suas asas tinham sido cortadas.
Como não havia sucessor ao trono, os príncipes dos reinos vizinhos decidiram que Diva, uma rainha viúva de um reino amigo deveria assumir o reinado com a ajuda de sua filha, Sofia.
Assim, Diva foi coroada a nova rainha de Zambroah, sendo agora Sofia sua sucessora.
A rainha e a princesa eram muito bondosas e gentis. Logo, não demorou muito para que todo o povo as estimasse imensamente.
Mesmo que o rei e o príncipe antigos não tivessem mais condições de reinar , Diva e Sofia os incluíam em todas as festas, cerimônias e até decisões. De alguma forma elas pareciam ouvi-los e admirá-los.
Foi assim que, com todos os cuidados e atenções, a rainha se apaixonou pelo rei e a princesa pelo príncipe.
E, de uma forma que só o amor consegue explicar, pouco a pouco Augustus e Raniel retomaram a consciência da realidade e voltaram a ser sãos.
Tempos depois, o rei casou-se com a rainha e o príncipe com a princesa.
Agora todo o reino de Zambroah nunca mais se esqueceria a lição mais importante dos seus quatro líderes."Que só o amor é capaz de nos dar asas".




quarta-feira, 13 de julho de 2016



Borboleta de encomenda


Era uma bela manhã de verão. Sara estava completando dezoito anos. Já havia recebido presentes e o comemoraria com um grande bolo ao lado da família no final do dia. Mas estava aguardando ansiosamente algo...
Foram dados três toques na porta. Sara correu muito animada. O encomendador entregou-a um pequeno embrulho com um laço vermelho.
Sua mãe fitou-a com uma interrogação no rosto. Mas a jovem antecipou-se:
- É o meu presente de aniversário de Roberto.
Sara e Roberto eram grandes amigos desde os cinco anos. Mas Roberto havia ido morar com a família em outro país e há três anos e desde então o único contato que tinham era o virtual.
A mãe calou-se então e respeitou o momento da filha que disparou até o andar de cima rumo ao seu quarto. Depois de trancar a porta, abriu alegremente o embrulho, onde já podia ver uma pequena caixinha cor-de-rosa.
- Mas que gracinha. O que será que tem aqui dentro? - monologou a menina.
A caixinha era tão delicada e perfumada que gostou da sensação de abri-la. Sempre acreditou que um presente deve ser bem apresentável porque mesmo que ele não seja aquilo que se espera ele será bem recebido.
Naquele momento era o que estava pensando. A cada ano o amigo conseguia fazê-la uma fantástica surpresa, como no ano passado, que colocou dentro de uma caixa minúscula convites para as Olimpíadas de Inverno de Bartor e no ano retrasado que enviou-a dinheiro suficiente para que fizesse uma viagem para sua cidade dos sonhos, Anestesia, onde levou sua mãe.
Agora, qual seria o grande presente que receberia? Mesmo que não fosse tão bom quanto dos outros anos sabia que não se importaria, pois sua própria amizade era o maior presente que Roberto podia oferecê-la.
Deixou de pensar em tudo isso quando finalmente conseguiu abrir a caixa que estava muito bem lacrada.
E teve uma grande surpresa quando viu o que havia lá dentro.
- Borboleta. Borboleta?
Agora Sara estava confusa. Não era Roberto o amigo mais criativo e a autor dos melhores presentes de aniversário do mundo?
Mas como já havia garantido a si mesma, não poderia abalar-se com o produto da embalagem, pois ela por si só já demonstrava carinho suficiente.
Decidiu ser grata, contrariando suas auto-objeções.
Não havia motivo para duvidar de que aquele era um presente especial.
-Tudo bem,  esta borboleta é de fato simpática e afetuosa. Gosto de suas cores também. Mas como ela conseguiu sobreviver?
Suas perguntas internas eram tantas, mas sabia que nenhuma delas poderiam ter respostas a menos que ela simplesmente perguntasse ao amigo ou lesse dele uma explicação.
-Espere- dentro da caixa tem um cartão.- Disse a moça afastando a pequena borboleta que, curiosamente permanecia dentro da caixa, como se aguardasse ordens para sair obedientemente.
Leu então o cartão que dizia:

"Oi,Sara! Feliz aniversário! Esta não é qualquer borboleta. Seu nome é Maribel. Se você chamá-la pelo nome pode fazer um pedido. Eu a encontrei num jardim e ela me contou. Mas lembre-se que esta só pode concedê-la um único desejo antes que volte para seu mundo dos sonhos.Confio que você saberá pedir o melhor! Seu eterno amigo, Roberto"

Ao ler essas palavras, Sara chorou. Como seu amigo podia ser tão leal a ela mesmo tão distante? Quantas pessoas em sua situação fariam o pedido ao invés de pensarem em doá-la a outra pessoa?
Percebeu agora que seu amigo não era qualquer um, mas de fato o melhor amigo de todo o universo , uma espécie de anjo. Assim,já sabia o que pediria.
Tomou a borboleta perfumada em sua mão e disse:
- Desejo que meu melhor amigo, Roberto tenha aquilo que mais deseja em sua vida.
E imediatamente a borboleta desapareceu. Mas Sara sentiu um grande impulso de olhar pela janela.
Sua surpresa foi tão grande ao ver várias daquelas borboletas e ao lado delas uma linda carruagem, de onde saiu seu amigo, que agora era um príncipe. Também haviam várias pessoas muito bem vestidas sentadas em bancos muito brancos. Agora seu jardim transformara-se num cenário de um banquete medieval. Sem dúvida estava sendo dada uma grande festa ali.
Ao descer as escadas, olhou de relance no espelho próximo da porta e viu sua imagem refletida. Ela estava trajando um lindo vestido de noiva. Foi então que percebeu que aquela festa era seu próprio casamento.
Como nunca soube que, desde sempre ela fora apaixonada por Roberto e que era recíproco? Correu então para os braços do amado e viveram felizes para sempre...








terça-feira, 12 de julho de 2016




A galinha e o avestruz


Um dia houve um incêndio na fazenda do senhor Neimar. Como haviam muitas árvores próximas umas das outras, o fogo estava se alastrando bem rapidamente. E os bichos correram em disparada para se proteger.
Mas havia uma galinha que estava com a pata quebrada. Um avestruz que corria bem rapidamente vendo-a, decidiu parar.
-Oh, pobre galinha, suba em minha asa que eu te levo para longe daqui.
-Mas eu- respondeu a galinha- tenho que voltar pra buscar algo.
E o avestruz perguntou:
- Vamos então, eu a esperarei aqui até que tragas o que esquecestes.
E a galinha muito contente com a disposição daquele estranho acabou se esquecendo do que perdera. Assim, montou em seu novo amigo.
Logo, os dois já estavam a uma grande distância do fogo e a salvos.
A essa altura a galinha começou a notar o quão bonito, alto e atraente era o seu protetor.
-Eu não sei o que, mas eu tenho a sensação de ter esquecido algo.- disse a galinha.
Mas ela estava tão fascinada com a imagem de seu herói que não conseguia se lembrar do que era.
O avestruz, que era muito gentil, sabendo que a fazenda era muito grande e que talvez mais algum bicho precisasse de ajuda naquela ocasião, quis voltar.
Mas a galinha já havia se afeiçoado dele de tal modo que pediu:
-Não volte. Eu preciso de você aqui. Não vês que tenho a pata quebrada? Se fores embora, quem me protegerá?
E o avestruz insistiu:
-Mas eu preciso salvar mais animais. Há muitos que são fracos...
A galinha então, tão triste ficou que pôs-se a chorar:
-Snif, Snif, não, não vá. E se o fogo te le-var? O que será de de mim?
Até então o avestruz não havia percebido que a galinha havia se apegado tanto assim a ele. E, sentindo compaixão dela teve uma sábia ideia:
-Está bem. Vamos fazer assim.Não precisa chorar. Eu sempre a protegerei , não a abandonarei jamais, mas como há outros que podem estar precisando de mim, eu a levarei comigo para a fazenda.
A galinha a essa altura já havia percebido que não adiantava mais discutir e acabou concordando, mesmo a contragosto.
E os dois se puseram na jornada rumo a um suposto ato heróico.
O primeiro local da busca foi o galinheiro, próximo de onde a galinha fora salva.
- Foi bem aqui- Disse o avestruz- Você tinha me dito que esquecera algo.
O calor aconchegante das asas do avestruz era tão gostoso que a galinha quase não se lembrou de novo. Mas o que ela havia se esquecido por tanto tempo agora estava ali, imóvel, carbonizado. Era um ovo, seu ovo, também a casa do que seria seu primeiro filho, um pintinho, que de fato seria lindo.
Mas agora era tarde demais. Ele nunca nasceria. Seu nascimento fora interrompido por uma paixão impossível.
Logo, a mãe galinha pediu para descer do avestruz. Não queria mais alguém que pudesse se esquecer de si mesma e mais ainda do que lhe era mais caro: a família, que ela precisaria reconstruir agora.







Os três lugares do céu


Um dia, banhistas nadavam numa praia e uma onda gigantesca os arremessou para dentro do oceano.
Uma das pessoas que estava no grupo era uma jovem chamada Catarine.
Depois que seu corpo foi sepultado pelo mar, seu espírito foi subindo até um local que pareceu-lhe um cume acima das nuvens. Ao estacionar ali, ela ouviu:
"Catarine, escolha um dos três lugares do céu"
A garota vasculhou o céu para ver de onde vinha a curiosa voz. Mas não viu nada. Foi quando ouviu de novo :
-Catarine, escolha um dos três lugares do céu.
Aquele que conhecia seu nome era como um raio suave que atingia todas as fibras do seu ser, fazendo-a estremecer de emoção.
Não sabia o que era aquilo. Nunca havia sentido tal coisa, mas sabia que era a mais maravilhosa sensação que jamais experimentara. Tentou traduzi-la como uma massagem delicada em sua alma.
"Eu tenho que escolher. Eu preciso escolher"-pensou.
Mas a dúvida começou a perturba-la.
"Eu não conheço os três lugares. Como posso escolher? "
E, como um eco necessário ao seu maior entendimento a voz se repetiu :
-"Catarine, escolha um dos três lugares do céu".
De repente o céu se enrolou como um pergaminho abrindo -se em seguida.
Notou agora em sua frente que haviam três mundos. Ao olhar para o terceiro quis sorrir, ao olhar para o segundo quis toca -lo. Mas ao olhar para o primeiro desejou la morar.
Foi então que a garota acordou. Agora ela sabia qual dos três lugares escolheria.




segunda-feira, 11 de julho de 2016





A Best -Seller

Lilian era uma escritora Best-Seller, conhecida em todo o mundo por seus livros de ficção. Um dia ela estava sentada em sua escrivaninha. Havia uma caneta e um papel nas mãos, mas a imaginação parecia vazia. Algo muito estranho estava acontecendo com ela. Talvez fôsse o sono ou a pressão de ter que escrever. Mas de todas as possibilidades seu receio maior era a ultima: Seu talento poderia estar se extinguindo.
- Não, isso nunca- Garantiu à sua voz interior. 
Levantou-se e foi até a cozinha. Tomou um copo. Precisava hidratar seu cérebro. Talvez assim ele funcionasse melhor. 
Mas para sua surpresa, ao abrir a torneira, verificou que a água havia acabado. Não podia acreditar. Agora ela a girava o máximo que podia, até que, em sua ultima tentativa, uma simples e pequena gota ameaçou cair. Mas, ao invés de espatifar-se, ela cresceu curiosamente, como se sua sede a alimentasse. O fenômeno continuava enquanto a mulher o acompanhava inerte. A gota transformara-se numa bolha gigante e parecia não querer mais parar. Foi quando, num instinto de auto-proteção, ela abriu uma gaveta de onde retirou um garfo. Espetou então com o objeto aquela coisa, mas ao invés de estourar, puxou-a para dentro.
Lilian gritou por socorro, mas logo imediatamente percebeu que estava dentro de uma espécie de bolha de quase vácuo, que surpreendentemente permitia apenas a respiração, mas não a propagação de sua voz.
"Não posso falar,não posso escrever, mas posso respirar".
De repente, a bolha estourou e ela, sem saber como se viu novamente sentada em sua escrivaninha.
Retomou a caneta e o papel. Foi até a cozinha e encheu um copo com água.
Era tudo sua imaginação. Nada foi real.
Porém, havia uma impressão profunda que ecoava em seus ouvidos agora:
"Quando não puder ouvirmos nada além de nossa própria respiração estamos prontas pra escrever".
-E do que mais uma escritora precisa se não apenas existir? - Refletiu sabiamente.
Logo as palavras era uma vez uma grande gota de água que engolia uma cidade saíram da tinta de sua caneta para o papel. E suas palavras mais uma vez conquistaram o mundo, pois haviam primeiro conquistado a ela mesma.




quarta-feira, 22 de junho de 2016





O Sonho Perdido


Um homem velejava em seu barquinho pelo oceano. Aquele era mais um dia em muitos anos onde procurava uma Ilha de tesouros. Já havia parado em várias ilhas, mas em nenhuma delas descobrira qualquer riqueza. 
Em suas buscas passara por grandes aventuras, como fugir de animais selvagens e sobreviver a correntezas gigantes.
Uma noite, avistou uma figura bem estranha nadando na superfície do mar. Era metade peixe e metade mulher. Demorou alguns minutos até que percebesse que se tratava de uma sereia.
-Sereia? 
-Sim. - respondeu a coisa. 
Aquilo não era para ser um diálogo. "Foi apenas um alto pensamento. "-refletiu o homem. Deveria ser fruto de sua imaginação. "E não deveria conversar com ela". 
Ilusão ou não sentiu que deveria dizer algo quando ela se aproximou sacudindo as barbatanas. 
A meio mulher olhou-o fixamente em seus olhos com um ar de súplica. E elevando uma das mãos chamou-o pelo nome.
Então o homem arriscou:
-O que queres ? 
-Siga-me e te mostrarei. 
O homem pegou seus remos e começou a remar. 
Mas ela virou-se e disse:
-Não é assim. Deves nadar comigo por dentro do mar. 
-Mas eu não sei... 
Antes que terminasse sua frase, a sereia tocou uma de suas mãos. Imediatamente ele sentiu que faltava-lhe completamente o ar.
Então ela disse:
- Já podes respirar dentro da água. 
Com o desespero da luta pela vida, o homem mergulhou no mar profundo e sentiu seus pulmões inflando aliviados.
Agora que viu do que a sereia era capaz o homem decidiu segui-la. Havia um misto de curiosidade e agitação dentro dele. O que estava prestes a descobrir? Será que conheceria outros seres iguais aquela que o guiava? Tentou esquivar-se de seus pensamentos porque alguns deles causavam-lhe o medo da morte. 
Enquanto nadavam, o caminho pareceu-lhe eterno. Haviam tantas perguntas em sua mente. Desejou afugenta -las,até que percebeu que também poderia falar. Então dirigindo -se a mulher-peixe disse: 
-Quem é você e por que estamos nadando? 
-Agora fizestes a pergunta correta. Sou uma sereia habitante do mar abissal de Anísio. Vivemos há centenas de anos e... 
Mas ela interrompeu a fala expulsando um tubarão que rondava-os com um simples estalar de dedos.
O homem ficou ainda mais impressionado e retomou a palavra:
-Como você consegue fazer isso? Você tem poderes mágicos?
-Na verdade não exatamente. 
-Como fez isso então? Insistiu o homem. 
-Uma sereia se alimenta de sonhos. 
-Ainda não entendi. 
-Eu sou a sua sereia protetora. Cada humano tem uma. 
Havia agora uma grande exclamação no olhar do humano que perguntou:
- Eu tenho uma... se-reia pro-te-tora? 
-Sim. Eu vi seu sonho e estou aqui para realizá-lo.
Dito isto a sereia rodopiou em círculo fazendo vários peixinhos se dispersarem. -Venha-disse ela-estamos quase lá. 
O homem agora tinha um sorriso cor de rosa sob olhos prateados de esperança. 
Depois de seguirem por mais dez metros marinhos, pararam em frente a uma concha gigante. 
-Pronto. Aqui estamos. Abra. -Disse a sereia sorridente. 
O homem então retirou a tampa da concha e teve uma grande surpresa. Ela estava completamente vazia. 
-Mas esse não é meu sonho. - Disse ele-Aqui não deveria ter muitas jóias? Era com isso que eu estava sonhando.
-Exatamente-respondeu a sereia. 
Mas o homem agora estava impaciente e disse:
- Ah não sei porque estou perdendo meu tempo com você. Vou embora. 
-Espere, espere-pediu ela com insistência . Mas de nada adiantou. 
O homem estava determinado a voltar. Então ele nadou, nadou, até que chegou a superfície. E voltou a ser apenas um homem com pulmões normais. 
Retornou a sua antiga casa, onde havia deixado para perseguir suas aventuras oceânicas.
Em sua primeira noite em terra firme dormiu e sonhou. Nele sua sereia o visitou e disse-lhe:
- Ah, meu querido, quantas vezes quis te mostrar? Mas agora é tarde demais. Teu sonho está desfeito!
-Mas como isso aconteceu? Perguntou o homem com um tom de desgosto.
-Aquela concha era o portal para a maior Ilha de tesouros que jamais existiu. Olhe! 
Logo, ele avistou uma linda ilha com o tom dourado e iluminado. Havia nela centenas de ouro, diamantes e todos os tipos de pedras preciosas. 
Agora os lábios do homem tremiam como uma folha de papel sob o vento forte. 
Então a sereia continuou:
-Não posso mais existir porque não há mais sonhos em tua mente. 
E desapareceu como o sol perante o crepúsculo. 
Assim, o homem acordou e chorou.  Agora estava determinado a viver a maior aventura de todas,aquela que seria travada em seu próprio eu: o resgate de seu sonho perdido.