quinta-feira, 24 de novembro de 2016



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A última montanha

Um velho alpinista  escalava uma montanha muito alta. 
-Esta é a última. Aguente firme.-Dizia alto a si mesmo enquanto se esforçava para alcançar a meta de escalar a montanha de número cem e também a última de sua vida antes de "aposentar-se". 
Seus braços inchados e doloridos aliados as pernas bambas pelo tempo tornavam a tarefa ainda mais desafiadora. 
"Não olhe para baixo. Não olhe jamais." Pensava no que havia aprendido com os anos de experiência. 
As nuvens intrusas começaram a descarregar umas espessas gotas.  Não seriam um obstáculo se suas mãos e pés não estivessem escorregando. 
Agora ele precisava segurar mais firme. 
Sua tensão muscular era tamanha que podia sentir uma dezena de nervos em seu corpo esticando-se. 
A coragem alimentada pelo instinto de sobreviver não lhe permitia desistir. 
Quando finalmente chegou no topo, sua voz  cansada ecoou em alívio. 
- Isso, Isso, sou um campeão! 
De repente,  um enorme Dragão voando ao redor da montanha pousou ao seu lado. 
Seus olhos carmesim lembravam um tom de sangue vivo. 
-O que procuras? -disse o monstro alado. 
Mas o homem não sabia o que dizer. Na verdade nem sabia ao certo o que pensar. Imaginou que a fadiga pudesse ter revirado sua sanidade. E decidiu manter-se quieto até que a suspeita alucinação se fôsse. 
Mas o Dragão também permaneceu ali, imóvel, seus olhos emendando o homem.
Foi então que um pânico tomou conta do velho. Imaginou que a qualquer momento a figura  assustadora pudesse devorá-lo. Fechou os olhos esperando a sua vez. 
Passaram-se minutos, sim, ao que pareceu-lhe muitos deles. Entreabriu um dos olhos, mas para seu espanto o Dragão fazia o mesmo. 
Assim o homem aproveitou-se do estranho fato e pos-se a correr, embora suas pernas não acompanhassem sua mente atlética. 
Mas o Dragão com um simples passo tomou-o numa pata e devolveu-lhe ao chão. 
-Quem é você? Decidiu perguntar o humano. 
E o Dragão elevando um pouco a cabeçorra  e com uma breve baforada, disse:
-Sou você. 
-Eu? -A resposta surpreendeu o velho. 
-Sim. Sou cada um de seus sonhos, cada um de seus medos, cada um de seus triunfos. 
-Como assim? Eu nunca seria algo  tão extraordinariamente... -e conteve -se para não ofendê-lo.
-Assutador? - Perguntou o Dragão.

"Agora eu sei que é minha imaginação porque se não ele não poderia ler minha mente. "-pensou o humano.
-Nao estou  lendo tua mente. Eu sou ela. Sou tão real quanto és capaz de imaginar. -retomou o Dragão. 
-Como saberei que não mentes? 
-Pergunte -me algo que só tu sabes.

Logo muitas perguntas foram feitas e respondidas que nem mesmo as pessoas mais próximas do homem seriam capazes de fazê-lo. 
Já quase convencido de que o estranho era mesmo ele, talvez uma espécie que rondava seu cérebro por anos, voltou a questionar o interlocutor. 
-Suponhamos que tu és meu outro eu, um tipo de Avatar que... 
- Isso mesmo.- Interrompeu-o o Dragão. - Eu sou mesmo muito inteligente, ou melhor... tu és mesmo muito inteligente! E respondendo a tua dúvida...  Sim, eu sou tua forma Avatar. Sem mim não podes subir as montanhas que almejas, mas comigo alcançarás as nuvens. 
-Quero viver em tua forma então 

-Então vá. - Pediu o Dragão-Desças esta montanha e não te esqueças do que há dentro de ti! Se acreditares em mim, tua mente sempre te levará para os lugares mais altos. Só assim seremos um e nada te será impossível! 


Karen Rocha


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Coração de princesa

Um dia um príncipe e seu servo cavalgavam aos redores do reino. 
Quando o príncipe avistou uma bela  camponesa que colhia espigas de trigo, apaixonou -se imediatamente. 
-Quem é ela?- perguntou.
Ao que o servo respondeu :
-Aquela moça se chama Lia. É a filha do padeiro. 
Dito isto o servo percebeu o que se passava e disse:
-Ah, deveras parece ter ficado impressionado com suas habilidades de colhedora ou será que o trigo que buscas é o coração de tal donzela? 
- Ha uma possibilidade de ser as duas coisas. 
Sorrisos fustigantes agitaram o ar. 
Antes que se apresentasse à moça o Príncipe decidiu não revelar sua identidade. Ele queria saber se ela gostaria dele pelo que ele era em sua essência.  Então teve uma ideia. Trocou as roupas com seu servo e fingiu ser ele. 
Em seguida, aproximou-se da moça. 
Após um pequeno diálogo e muitos retornos posteriores, de algum modo os corações dos jovens uniram-se por aquela equação química inexplicável até para os maiores cientistas. 
E numa noite particularmente iluminada com as luzes da cheia lunar,  o príncipe pediu-a em casamento. 
Como o convite foi aceito, finalmente ele revelou seu segredo. 
Os dois então se casaram no Palácio dos Amantes. 
E foi assim que uma pobre camponesa  tornou -se uma princesa, pois seu coração já era nobre. 


Karen Rocha



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O Rei orgulhoso


Havia um rei que era muito orgulhoso. Ele almejava conquistar todos os reinos ao redor. 
Um dia, reuniu um grande exército e ordenou:
"Daqui a uma semana, invadam e dominem tudo o que as vistas puderem alcançar . "
Mas um dos soldados, recentemente integrado as tropas não desejava lutar pelo motivo errado. Por isso recusou -se. 
Então o rei o enviou ao cárcere onde ele ficou junto com os infratores. 
No dia seguinte o soldado foi procurado na prisão, pois seria apresentada sua sentença. 
Mas ele não foi encontrado nem na prisão e em lugar nenhum do reino. 
Havia se passado mais um dia e o soldado foi visto no meio do exército do rei como se nada tivesse acontecido. 
Reconhecendo-o, um dentre o povo enviou-o ao Palácio. E o estranho soldado diante do rei teve  sua sentença decretada:
-Serás mais uma vez aprisionado, mas desta vez com cordas. E logo o soldado foi amarrado e reconduzido ao cárcere. 
Mas no dia seguinte o soldado foi visto novamente entre o exército. 
Quando o rei soube do caso, quis falar com ele mais uma vez. 
-Serás levado as masmorras, minha prisão de segurança máxima. Agora veremos se conseguirás sair de lá. 
Mas, de maneira misteriosa, no dia seguinte o soldado foi encontrado de novo entre a Guarda Real. 
Agora o rei ficou de fato muito furioso e ordenou que o soldado fosse amarrado e enviado naquela mesma hora para a forca. 
Logo, depois de preso com fortes cordas, foi encapuzado e enviado a cena de seu último alento. 
Mas quando o carrasco tirou o capuz do réu como de costume, muitos olhos interrogativos e bravejos se misturaram:era o filho do rei! 
Antes que o rei pudesse entender o que se passava, o  estranho soldado apareceu novamente. Mas desta vez, não estava só. Todo o exército real estava atrás dele. E cada homem atirando sua arma no chão disse essas mesmas palavras em alta voz:
"Não desejamos lutar pelo motivo errado". 
E o soldado misterioso que agora parecia o capitão deles explicou -se:
"Vim de um planeta muito distante. Minha missão aqui é desterrar teu orgulho ó rei! Deves atirar teu desejo de dominar por terra como atiramos nossas armas. 
-Ja basta! Já vi e ouvi muito por hoje! Já que alguém tem que ser sentenciado, todo o exército pagará pelo crime de rebelião! 
Mas todo o povo gritou a uma só voz:
"MISERICORDIA, OH REI! "
Assim o rei não querendo perder o apoio de todo o povo, levantou o braço direito como sinal de ouvir o pedido. 
E o rei, embora tenha se sentido frustrado, também ficou impressionado com o que aquele soldado tinha feito. 
Aproximando -se então do misterioso quis interroga-lo, mas foi impedido pelo assombro que agora ele lhe causava. 
Mas o novo capitão entendeu o que se passava com o rei e explicou :
-O verdadeiro muro é o orgulho. Nenhum pôde  me conter e qualquer um é  capaz de derrubá-lo! 
-Agora entendo. -Disse o rei. -O maior muro que devemos derrubar é o que está dentro de nós e se não o fizermos nossos inimigos internos serão nossa ruína! 
- Isso mesmo. -disse o outro agora satisfeito-Visto que entendestes isso, retornarei ao meu mundo porque minha missão já se cumpriu. 


Karen Rocha





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A menina e o mar

Uma menina estava sentada numa rocha em frente a um grande mar. Seus pensamentos a faziam divagar por mundos desconhecidos. 
Olhando para o céu ela viu muita nuvens que dançavam um ballet preguiçoso. 
-Miro-te agora, pois convém que estejamos sós. -disse baixinho. 
Depois a garota transportou -se por um grande redemoinho para um navio. 
Mas não era uma embarcação comum. Mais parecia com uma mini cidade móvel. Nele havia tudo: hotéis, restaurantes, clubes e shoppings. Aliás, quando viu estes suspeitou que estivesse sonhando porque tal fato beirava para suas concepções,o improvável. 
Agora percebeu que estava em meio a uma grande festa. Os tripulantes animavam-se.
Rapidamente o céu ia encobrindo -se de uma capa negra prateada. 
Mas os fogos eram as verdadeiras estrelas da noite. Muitos deles, sim, centenas ensurdecendo os convidados. 
Até que estava se divertindo, não fosse seus pés latejando. Quis ficar descalça. Deixou-se golpear pelo vento. 
Dirigir-se a proa. Respirou fundo. 
-O que? 
Jamais acreditaria no que vira, não fosse aquela testemunha que estava guardado em seu bolso. Era seu diário que a ouvia contar sobre seu naufrágio. 
E assim a menina passava seus dias até que um resgate a encontrasse. 



Karen Rocha