A galinha e o avestruz
Um dia houve um incêndio na fazenda do senhor Neimar. Como haviam muitas árvores próximas umas das outras, o fogo estava se alastrando bem rapidamente. E os bichos correram em disparada para se proteger.
Mas havia uma galinha que estava com a pata quebrada. Um avestruz que corria bem rapidamente vendo-a, decidiu parar.
-Oh, pobre galinha, suba em minha asa que eu te levo para longe daqui.
-Mas eu- respondeu a galinha- tenho que voltar pra buscar algo.
E o avestruz perguntou:
- Vamos então, eu a esperarei aqui até que tragas o que esquecestes.
E a galinha muito contente com a disposição daquele estranho acabou se esquecendo do que perdera. Assim, montou em seu novo amigo.
Logo, os dois já estavam a uma grande distância do fogo e a salvos.
A essa altura a galinha começou a notar o quão bonito, alto e atraente era o seu protetor.
-Eu não sei o que, mas eu tenho a sensação de ter esquecido algo.- disse a galinha.
Mas ela estava tão fascinada com a imagem de seu herói que não conseguia se lembrar do que era.
O avestruz, que era muito gentil, sabendo que a fazenda era muito grande e que talvez mais algum bicho precisasse de ajuda naquela ocasião, quis voltar.
Mas a galinha já havia se afeiçoado dele de tal modo que pediu:
-Não volte. Eu preciso de você aqui. Não vês que tenho a pata quebrada? Se fores embora, quem me protegerá?
E o avestruz insistiu:
-Mas eu preciso salvar mais animais. Há muitos que são fracos...
A galinha então, tão triste ficou que pôs-se a chorar:
-Snif, Snif, não, não vá. E se o fogo te le-var? O que será de de mim?
Até então o avestruz não havia percebido que a galinha havia se apegado tanto assim a ele. E, sentindo compaixão dela teve uma sábia ideia:
-Está bem. Vamos fazer assim.Não precisa chorar. Eu sempre a protegerei , não a abandonarei jamais, mas como há outros que podem estar precisando de mim, eu a levarei comigo para a fazenda.
A galinha a essa altura já havia percebido que não adiantava mais discutir e acabou concordando, mesmo a contragosto.
E os dois se puseram na jornada rumo a um suposto ato heróico.
O primeiro local da busca foi o galinheiro, próximo de onde a galinha fora salva.
- Foi bem aqui- Disse o avestruz- Você tinha me dito que esquecera algo.
O calor aconchegante das asas do avestruz era tão gostoso que a galinha quase não se lembrou de novo. Mas o que ela havia se esquecido por tanto tempo agora estava ali, imóvel, carbonizado. Era um ovo, seu ovo, também a casa do que seria seu primeiro filho, um pintinho, que de fato seria lindo.
Mas agora era tarde demais. Ele nunca nasceria. Seu nascimento fora interrompido por uma paixão impossível.
Logo, a mãe galinha pediu para descer do avestruz. Não queria mais alguém que pudesse se esquecer de si mesma e mais ainda do que lhe era mais caro: a família, que ela precisaria reconstruir agora.
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