O nanquito
Os nanquitos são criaturas fantásticas que vivem escondidos dentro dos tetos e paredes das construções. Eles possuem o tamanho de um grão de arroz e se assemelham a mini dragões com asas. Mas nunca podem ser observados pelos seres humanos. Se alguém avistar um nanquito torna-se imediatamente um também e quem for visto é banido para um lugar assustador dentro do chão, onde há muita tristeza e em hipótese alguma eles podem sair.
Por isso, até hoje ninguém jamais conseguiu contar como eles são.
Havia um nanquito chamado Zuren que vivia na parede, atrás de um quadro em um museu.
Ele queria passear um pouco fora de seu mundo, como faziam todos os nanquitos dos edifícios abandonados ou vazios.
Então, numa noite, quando o expediente do museu havia acabado e todos os funcionários já tinham ido embora, Zuren pulou para fora do quadro. "Será tão divertido "-pensou
Todavia, o nanquito não imaginava que sua aventura o levaria para um grande perigo. Um dos funcionários do museu estava no local. Ele perdera as chaves de casa e estava procurando-as. Ao sentar-se numa cadeira e agachar-se tateando o interior de uma gaveta, a criaturinha mirou-o. Estava por cima da escrivaninha há cinco centímetros do braço do funcionário. Podia até sentir seu calor, quando o homem virou o rosto rapidamente em sua direção.
-Onde será que coloquei minhas chaves?
Os olhos do humano estavam agora há dois centímetros de Zuren, que em pânico, disse a si mesmo:
"Pronto, agora fui descoberto.Estou perdido!"
E a criatura ficou aguardando as inevitáveis consequências.
"Que fim triste para um belo nanquito! Eu não quero ir para o chão. Eu não mereço isso. Foi tudo tão de repente. Não queria.Sempre fui bom. E esse homem, que pena dele! Pode não querer ser um de nós e..."
Mas nada aconteceu.
"Espere"- Zuren continuou seu monólogo-"Por que não houve transformação?"
E como o funcionário parecia olhar fixo para a frente, sem piscar, a criatura ficou curiosa e virou-se para ver o mesmo que ele.
Mas não havia nada ali que explicasse aquilo, apenas móveis e objetos antigos.
O homem então levantou-se. Parecia estar disposto a deixar a sala para ir embora. Abriu sua bolsa e pôs seus óculos escuros. Em seguida tomou uma bengala que descansava sobre um guarda bagagem.
"Como ele conseguiu burlar nosso sistema?- Refletia ainda o nanquito.
Foi quando a criatura viu no assoalho, próximo a porta de saída um molho de chaves caído.
"Entendi!"- Encerrou a auto conversa e iniciou uma com o homem:
-Está a sua frente, bem no chão, perto da porta.
Finalmente o nanquito havia entendido.O funcionário era cego. Estavam salvos!
E o homem cego saiu dali contando a todos que sua intuição havia gritado para ele, algo que acontece a todos os que não enxergam com os olhos.
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