segunda-feira, 2 de maio de 2016







Lágrimas de um crisântemo


Havia um jardineiro que colecionava crisântemos. Em suas amostras haviam muitas cores, como: rosas, azuis e violetas.
Dentre eles havia um crisântemo prateado, o único da cor. Ciente de que era raro e o mais bonito, um dia perguntou ao dono:
-De qual de nós te afeiçoas mais?
-Não tenho preferência- Respondeu sinceramente o jardineiro.
-Mas de certo há um que chama mais tua atenção.
-Ah, não, todos são iguais para mim.
-Mas como podes dizer isso? Não percebes que cada um tem uma cor ?-Insistiu o crisântemo.
Mas o jardineiro tentou explicar-se com outra pergunta:
-Se um dia  te pedisse para optar entre a terra e o céu qual seria a tua escolha?
-Nenhuma-Não faz sentido.Ambos são preciosos.Respondeu o crisântemo.
-Mas um é marrom e outro azul, não é verdade?
- Sim, mas são de espécies diferentes.
Então o sábio jardineiro disse:
-Para quem não conhece os corações todos são iguais.
-O que queres dizer?
-Sou teu jardineiro. Conheço-te e sei que não és igual a nenhum dos teus irmãos.
E o crisântemo confuso perguntou:
- O que queres dizer com isso?
-Dois seres de mesma espécie podem ser mais diferentes entre si que de espécies diferentes.
-Ah sim, sou muito diferente. Minha cor é única dentre os meus.-Disse pomposo o crisântemo.
Mas o jardineiro percebeu que sua criação prateada precisava de um aprendizado mais eficaz. Assim, tomou uma tinta vermelha e pintou a flor. Agora haviam outros semelhantes a ele.
-E agora, o que o diferencia dos demais?-Perguntou seu dono.
E o crisântemo ficou tão triste que pôs-se a chorar.
-Não quero, não quero ser mais um!
-Ninguém é um na multidão quando há em si um coração batendo.És único.Não entendes?
Mas o crisântemo estava muito triste para responder. Então o jardineiro prosseguiu.
-Quando a dor atinge o coração ninguém quer saber sua cor. Quando ele sangra, que diferença faz ser vermelho ou azul? Podes sentir isso?
Foi então que o crisântemo levantou a cabeça e olhou ao redor. Ele parecia fisicamente tão igual, mas nunca sentiu-se tão diferente. Sua sensibilidade fazia-lhe único.Estava começando a compreender o jardineiro agora.
-Sim, sou único. Que importa minha cor? Agora que meus olhos físicos não me cegam mais, pela primeira vez vi meu coração e sua singularidade.
E o jardineiro sorrindo, regou a flor que voltou a ser prateada.
-Entendestes bem- Disse ele-Agora tens um coração prateado. És portanto inestimável para mim e nunca o venderei.




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