sábado, 4 de julho de 2015

A carta




A carta

Era uma vez uma menina de doze anos que vivia muito solitária, seu nome era Flora. Sua mãe morrera quando ela tinha apenas cinco anos de idade e não conhecera outras pessoas que ela pudesse chamar de família. Fora adotada por um casal que a tratava com muita indiferença e certa crueldade. Nunca conversavam com ela e faziam questão de lembrá-la sempre que só a adotaram devido à herança que sua mãe a deixou.
Suas roupas eram velhas e surradas, pois a mãe de criação só dava-lhe roupas do bazar e quando um agente de adoção ia visitá-la em sua casa, anualmente.
E além disso, tinha que acordar de madrugada para comer alguma coisa sem ser censurada pelos "pais".
Estudava na melhor escola do país por decisão judicial, mas lá também sofria muito. Suas roupas rasgadas, davam-lhe um ar maltrapilho e carente, o que a fazia sofrer muita discriminação entre os colegas.
Por isso, apesar de suas ótimas notas,ela não tinha alguém que considerasse seu amigo.
Certo dia, enquanto estava indo para a escola, andando, como normalmente fazia, encontrou no chão um envelope de aspecto muito antigo e amarelado pelo tempo.
Curiosamente, a menina apanhou-o e virando-o no lado do remetente leu: "Sua mãe"-seguido do primeiro nome de sua mãe biológica- e no lado do destinatário estava seu próprio nome. De forma expontânea pensou:"Coincidência de nomes..." mas sua percepção inicial logo se dissipou dando lugar a um susto de alegria quando viu embaixo também seu sobrenome.
-Ãh, sou eu?E é de minha...minha mãe?!
Era uma carta e estava lacrada. Rasgou-a com um impulso e desdobrou-a no mesmo ritmo enquanto parava para lê-la. Enquanto seus olhos seguiam os horizontes das palavras e frases ao longo de toda a página, chorou.
Virou-se então. Não estava mais indo para a escola, mas de volta à sua casa.Pegou suas coisas e dirigiu-se ao juizado infantil. Era uma carta-documento com a assinatura da mãe biológica que dava-lhe autorização para emancipar-se aos doze anos se fôsse sua vontade.
Sua mãe a escrevera pouco antes de falecer de câncer, em seu leito, prometendo à menina que,mesmo que não estivesse aqui nesta Terra fisicamente, que um dia a menina leria essa carta. Expressava-lhe seu grande amor pela filha, que a morte não poderia destruir. Também mencionava seu pai biológico, que havia morrido enquanto a mãe estava grávida dela e pedia que ela fôsse procurar pelos avós paternos que eram a única família que ainda tinham.
Decorridos meses, conseguiu a liberdade tão sonhada por ela e por sua mãe. Foi morar em outro país com os avós paternos que a tratavam como uma princesa.
Na nova escola que estudou,a melhor desse país, decidiu fazer um teste para saber se poderia confiar em alguém para ser seu amigo.
Vestiu-se da mesma maneira que se vestia na outra escola e, para sua surpresa, uma menina e dois meninos tornaram-se seus amigos. Eles gostavam da menina por quem era, de tal modo que quando ela revelou sua verdadeira identidade rica, nada mudou entre eles.
Mas um dia a mãe e o pai adotivo da menina bateram em sua porta. Eles usavam roupas surradas e sapatos desgastados. Contaram que perderam tudo o que tinham numa aposta feita pelo pai adotivo. Agora estavam morando na rua mendigando. 
Flora compadeceu- se esquecendo de todo o sofrimento que eles haviam feito- na passar.
e , virando- se para eles disse:
- Venham meus queridos pais adotivos. Tudo o que possuo é de vocês também. 
E eles mais que depressa tornaram- se para a janela como se estivessem conversando com alguém e disseram sorridentes.
- Ela passou no teste.
Por fim, seus pais adotivos a abraçaram contando que tudo aquilo que havia passado de humilhação na casa deles era apenas um teste que o governo impôs para saber se a menina seria digna de herdar a maior herança do planeta.
Mas agora ela sentia- se rica de verdade, não por seus bens materiais que eram imcomparáveis, mas porque agora  tinha de fato uma grande família que a amava, amigos maravilhosos e a carta que mudara sua vida para sempre.













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