Havia um jovem que desejava deixar sua família e imigrar para outro
país. Seus pais viviam brigando e seu irmão mais novo parecia
sempre querer atenção que ele achava que não poderia dar.
Tencionava deixar tudo isso para trás e iniciar uma nova vida.
Assim, pôs-se ao mar num pequeno barco que conseguiu comprar com
suas reservas que fizera por anos de trabalho.
Depois de muitos dias, o barco, já muito velho sofreu um grave
vazamento do motor. Por isso, parou numa pequena ilha para tentar
consertá-lo.
Assim que desembarcou, estremeceu perante o improvável:
-Tony,Tony, o que desejas?
Assustado, o rapaz olhou ao seu redor e não viu ninguém. Sabia que
estava sozinho naquela ilha abandonada.
-Tony, Tony, o que desejas?-Tornou a ouvir.
A voz parecia um vento calmo para sua alma em turbilhão, mas começou
a desconfiar que estava ficando louco, pois constatou que de fato não
havia ninguém além dele e a natureza exuberante.
E, na terceira vez, entendeu quem era sua interlocutora, pois foi
denunciada pelas batidas das asas dos passarinhos que se abrigavam
nela.
Era a voz de uma árvore.
-v-vvocê fala?
-É claro que eu falo.Você também não fala?
-É claro que eu falo, mas eu sou...
-Um ser humano?-Cortou-lhe a árvore
-Sim,é, quero dizer...- o jovem ficara agora desconcertado
-Tudo bem, não se preocupe com isso. Você talvez nunca tenha visto
uma árvore falar, mas porque nunca quis de fato ouvir.
Agora parecia demais para sua pobre mente.Tony virou-se para o barco
e decidiu ignorar o fato de ter ouvido e conversado com uma árvore.
Talvez-pensou ele-eu esteja apenas sofrendo de alguma paranóia
ocasionada por estar sózinho a tantos dias.
E, começou a trabalhar no conserto do barco.
-Tony,mesmo que ignores, eu estou aqui.
-AGORA JÁ CHEGA-rosnou para si mesmo.
-Tony, não tenha medo...
Mais para acabar com aquele monólogo para seus sentidos do que para
dar-lhe vazão, cedeu.
-Tudo bem então, o que desejo, o que desejo?-e virou-se para a
árvore despejando uma resposta simples, mas abrangedora- desejo ser
feliz.
-Seu pedido será concedido meu jovem
-O que?-e assustou-se ao ver que o cenário da ilha mudara
completamente. Ele, de alguma forma misteriosa estava de volta a sua
casa. Seus pais correram para abraçá-lo, assim como o irmãozinho,
mas ele não retribuiu-lhes.
Entrou contrariado em casa. Ficou por dias trancado no quarto saindo
somente para o necessário. Aumentava o som de músicas
ensurdecedoras quando a família caia em algum conflito.
Certa noite, enquanto o pai demorava para chegar do trabalho, ouviu a
mãe chorando baixinho. Abriu a porta vagarosamente.
-Mãe, ele vai voltar.
-Não é por ele que estou chorando filho. Ele disse que ia se
atrasar hoje.
-Ah não? É por que então?
-É por você.
Ver a mãe assim, tão triste por ele, deixou-lhe muito triste e, de
repente compreendeu o que acontecera na ilha. Chorou.
-Mãe, me desculpe, me desculpe - e abraçou a mãe fortemente.
Quando o pai chegou e seu irmãozinho acordou para recebê-lo,
abraçou-lhes também. Pediu perdão a todos por toda a falta de
atenção e expressou seu profundo amor por cada um.
Depois daquele dia ele mudou completamente. Estava mais dócil,
receptivo e atencioso com a família. Seus pais nunca mais brigaram-
por isso enxergou que ele mesmo era o motivo da briga deles- e seu
irmãozinho nunca mais reclamou de falta de atenção.
Agora ele estava muito feliz em casa, pois tornara sua família
feliz.
E esse foi o milagre que aquela árvore fizera por ele.
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