quarta-feira, 15 de junho de 2016




A Fera da Floresta

Havia um casal que morava numa floresta.
Numa noite, a mulher, que estava grávida e sozinha em casa porque o marido fora trabalhar, começou a passar mal. Deitou-se na cama e percebeu que havia chegado a hora: Seu bebê estava nascendo.
Quando o marido retornou, tamanha foi sua surpresa e tristeza quando viu o filhinho ao lado da mãe, chorando. A mulher não resistira ao parto.
O homem, por sua vez também não suportou a dor da perda da esposa  e enlouqueceu. Foi embora, abandonando o menino.
Logo, uma grande onça pintada entrou na casa e olhou para o bebê. Num instante pareceu que seus olhos brilharam. Foi então que começou a cuidar dele como sua própria cria. A criança foi crescendo, acreditando fazer parte da floresta. E para assemelhar-se mais aos animais, cobria-se com seus pêlos e pintava-se.
Um dia, quando já estava com dezesseis anos, o rapaz estava caminhando pela mata e avistou um grupo de jovens acampando. Com o instinto de um animal quadrúpede, correu até eles e rosnou.
Logo, muitos riram e fizeram chacota do rapaz. Mas uma bela moça, que não participou das gozações, aproximou-se dele, que parecia agora muito confuso e ao tocar sua mão disse:
-Não fique com medo. Viemos em paz. Não ligue para meus amigos. Eles não sabem brincar às vezes, mas são boas pessoas.
O singular jovem apenas esquivou-se, mergulhando entre as árvores.
Aquele acampamento durou três meses e por esse tempo, muitos animais ferozes tentaram aproximar-se, mas toda vez o rapaz da floresta os expulsava.
A moça que falara com ele ficou muito encantada com sua capacidade de controlar os animais e proteger as pessoas.
E no dia que estava encerrando o acampamento, ela queria que o rapaz voltasse com eles. De alguma forma aquele estranho havia tocado suas emoções mais profundas.
Todos concordaram em procurá-lo, mas como não o encontraram em parte alguma, decidiram ir embora. Mas a moça não quis voltar com eles.
-Continuarei procurando.Vão sem mim. Ele precisa viver como a gente.
Então, mesmo contrariados, os amigos foram embora deixando a garota sozinha em sua busca.
Ela caminhou, caminhou e se deparou com uma grade onça, a mesma que criara o garoto. O animal mirou-a, correndo em sua direção, mas o jovem saindo de trás de arbusto rosnou como se falasse a língua das feras. Nesse momento a assustadora onça pareceu um gatinho assustado, aproximou-se do garoto, que acariciou-lhe a cabeça. Agora ambos rosnavam como se estivessem num diálogo notoriamente sensível.
O mamífero abaixou a cabeçorra e, como uma magnífica reverência, foi embora, desaparecendo por trás de uma montanha arborizada.
A lua estava linda. A floresta parecia tocar uma canção romântica.E os dois jovens se aproximaram.
Não sabiam se comunicar com palavras, mas eram humanos e a natureza os dotara da língua do coração. E foi a essa que recorreram quando suas mãos se cruzaram.
Em breve ele conheceria um outro mundo, mas sabiam que nada poderia fazê-los esquecer de como aprenderam a amar.





































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