O último oxigênio
Celine era uma mulher de meia idade que morava sozinha numa linda casa no campo. Ela não se casara porque nunca se esqueceu de seu grande amor:Rodolfo, seu melhor amigo da juventude.
Uma noite, quando já estava pegando no sono, percebeu uma luz na varanda.
"Que estranho"-Pensou. "Eu tinha certeza que já havia apagado todas as luzes da casa".
Até que de repente a porta da sala bateu com forças. Ela desceu as escadas. Mas pela janela não viu ninguém.
"Pode ter sido o vento" Tranquilizou-se ao voltar para seu quarto.
Foi então que as batidas na porta aumentaram, assim como a intensidade da claridade, que ampliava-se agora por cada cômodo da casa, como se alguém estivesse acendendo todas as luzes sucessivamente.
Teve tanto medo que escondeu-se por debaixo das cobertas.Até que ouviu uma voz chamá-la:
-Celine, sou eu.
Conhecia bem essa voz. Era exatamente igual a de quem ainda estava tão presente dentro dela. E teve uma sensação que não tinha a muito tempo, desde que seu amado a rejeitara.
-Rodolfo?- Disse assustada a mulher ao tirar do rosto uma manta quente de lã.
-Sim, sou eu. E vim buscá-la. A Terra será destruída hoje a noite e sou um dos escolhidos para salvar os preparados.
-Os preparados?
-Sim, os justos- disse o homem.
-Mas e sua esposa? E seus filhos?
-Eu não formei uma família ainda.
-Sério?Perdemos tanto contato que eu nunca soube.
-Sim, e precisamos ser rápidos.
-E para onde nós vamos?
-Para um abrigo. Esse mundo sofrerá por dois dias um ataque semelhante a de bombas atômicas que sugarão todo o oxigênio e vida existente.
Assim, o homem pegou a mulher pelo braço e a levou para dentro de uma espécie de caixa de pedras fechada.
-Aqui- Disse ele- estamos salvos.Há oxigênio suficiente para dois dias, mas minha missão era compartilhá-lo com alguém e escolhi você.
-Eu? Por que você me escolheu?Nós nem somos mais...
-Amigos?- O homem completou com uma pergunta.
-Sim- Respondeu a mulher.
-Mas a verdadeira amizade é eterna. Nunca te esqueci, Celine.
-Eu também não, Rodolfo.
-Senti sua falta de verdade por todo esse tempo e nunca tive coragem...
-Coragem?- Quis saber a mulher corando um pouco.
-Sim- Disse o homem apoiando suas mãos sobre as dela.
-Eu te amo, celine. E sempre te amei, não só como amigo. Me desculpe por...
Mas a frase não pôde ser completada porque a mulher beijou-o entre lágrimas.
Em seguida ela disse:
-Agora eu sei que o amor é como o oxigênio. E obrigada por ter guardado ambos para mim.
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