Era uma bela manhã de verão. Sara estava completando dezoito anos. Já havia recebido presentes e o comemoraria com um grande bolo ao lado da família no final do dia. Mas estava aguardando ansiosamente algo...
Foram dados três toques na porta. Sara correu muito animada. O encomendador entregou-a um pequeno embrulho com um laço vermelho.
Sua mãe fitou-a com uma interrogação no rosto. Mas a jovem antecipou-se:
- É o meu presente de aniversário de Roberto.
Sara e Roberto eram grandes amigos desde os cinco anos. Mas Roberto havia ido morar com a família em outro país e há três anos e desde então o único contato que tinham era o virtual.
A mãe calou-se então e respeitou o momento da filha que disparou até o andar de cima rumo ao seu quarto. Depois de trancar a porta, abriu alegremente o embrulho, onde já podia ver uma pequena caixinha cor-de-rosa.
- Mas que gracinha. O que será que tem aqui dentro? - monologou a menina.
A caixinha era tão delicada e perfumada que gostou da sensação de abri-la. Sempre acreditou que um presente deve ser bem apresentável porque mesmo que ele não seja aquilo que se espera ele será bem recebido.
Naquele momento era o que estava pensando. A cada ano o amigo conseguia fazê-la uma fantástica surpresa, como no ano passado, que colocou dentro de uma caixa minúscula convites para as Olimpíadas de Inverno de Bartor e no ano retrasado que enviou-a dinheiro suficiente para que fizesse uma viagem para sua cidade dos sonhos, Anestesia, onde levou sua mãe.
Agora, qual seria o grande presente que receberia? Mesmo que não fosse tão bom quanto dos outros anos sabia que não se importaria, pois sua própria amizade era o maior presente que Roberto podia oferecê-la.
Deixou de pensar em tudo isso quando finalmente conseguiu abrir a caixa que estava muito bem lacrada.
E teve uma grande surpresa quando viu o que havia lá dentro.
- Borboleta. Borboleta?
Agora Sara estava confusa. Não era Roberto o amigo mais criativo e a autor dos melhores presentes de aniversário do mundo?
Mas como já havia garantido a si mesma, não poderia abalar-se com o produto da embalagem, pois ela por si só já demonstrava carinho suficiente.
Decidiu ser grata, contrariando suas auto-objeções.
Não havia motivo para duvidar de que aquele era um presente especial.
-Tudo bem, esta borboleta é de fato simpática e afetuosa. Gosto de suas cores também. Mas como ela conseguiu sobreviver?
Suas perguntas internas eram tantas, mas sabia que nenhuma delas poderiam ter respostas a menos que ela simplesmente perguntasse ao amigo ou lesse dele uma explicação.
-Espere- dentro da caixa tem um cartão.- Disse a moça afastando a pequena borboleta que, curiosamente permanecia dentro da caixa, como se aguardasse ordens para sair obedientemente.
Leu então o cartão que dizia:
"Oi,Sara! Feliz aniversário! Esta não é qualquer borboleta. Seu nome é Maribel. Se você chamá-la pelo nome pode fazer um pedido. Eu a encontrei num jardim e ela me contou. Mas lembre-se que esta só pode concedê-la um único desejo antes que volte para seu mundo dos sonhos.Confio que você saberá pedir o melhor! Seu eterno amigo, Roberto"
Ao ler essas palavras, Sara chorou. Como seu amigo podia ser tão leal a ela mesmo tão distante? Quantas pessoas em sua situação fariam o pedido ao invés de pensarem em doá-la a outra pessoa?
Percebeu agora que seu amigo não era qualquer um, mas de fato o melhor amigo de todo o universo , uma espécie de anjo. Assim,já sabia o que pediria.
Tomou a borboleta perfumada em sua mão e disse:
- Desejo que meu melhor amigo, Roberto tenha aquilo que mais deseja em sua vida.
E imediatamente a borboleta desapareceu. Mas Sara sentiu um grande impulso de olhar pela janela.
Sua surpresa foi tão grande ao ver várias daquelas borboletas e ao lado delas uma linda carruagem, de onde saiu seu amigo, que agora era um príncipe. Também haviam várias pessoas muito bem vestidas sentadas em bancos muito brancos. Agora seu jardim transformara-se num cenário de um banquete medieval. Sem dúvida estava sendo dada uma grande festa ali.
Ao descer as escadas, olhou de relance no espelho próximo da porta e viu sua imagem refletida. Ela estava trajando um lindo vestido de noiva. Foi então que percebeu que aquela festa era seu próprio casamento.
Como nunca soube que, desde sempre ela fora apaixonada por Roberto e que era recíproco? Correu então para os braços do amado e viveram felizes para sempre...