quinta-feira, 28 de abril de 2016




Alameda perfumada 

Havia uma alameda de arvores altas e esguias. Numa das esquinas, um poste com um letreiro indicava :Rua das flores perfumadas. 
"Que nome lindo"! Pensou a errante arrancando uma flor da árvore e cheirando-a.

-Agora eu sei o motivo do nome. Esses cravos tem simplesmente o perfume mais sensacional que já provei. 
-Obrigado-Disse uma vozinha. 

-Quem está aí? Perguntou a menina assustada olhando ao redor. 
-Se não me conheces, porque me admiras? 
Pensou que essa era uma boa pergunta, mas não sabia como responder. 
-Admiro muitas coisas boas. Quem és tu dentre elas? 
-Não sou a parte,mas o todo, pois tudo o que é belo desenha o grande círculo eterno.
-Não compreendo. 
-Dissestes bem. Não compreendes, por isso deves aguçar tua mente e só então a alva romperá em ti revelando o caminho dos sábios. 
-O que devo fazer para conhecer -te?  Diga-me então. 
-Estás pronta? A voz perguntou agora elevando-se um pouco. 
- Acho que sim. 
-A verdade não pode ser manifestada dessa forma. Se não "achares",  a certeza baterá à tua porta e ceará contigo. 
-Ah, sim. Preciso de um tempo para captar tudo isso. 
-O tempo te será entregue com o vento, pois ambos refrescam e não voltam para um único lugar de modo idêntico. 
E a menina preencheu suas próximas seis horas com reflexões profundas.
Cada minuto alimentando a parte pobre de sua alma. Foi só  então que começou a entender. 
Olhou para a florzinha que havia arrancado. Ela estava murcha. Aspirou-a e notou que seu perfume já não existia mais. 
-Ah-lamentou a garota para a florzinha-Eras tão bela e cheirosa. Como é que ficaste assim? 
Foi aí que ouviu e reconheceu quem dizia:
-Você me tirou de minha família. Pra onde irá me levar agora? 
E a menina guardou-a dentro de seu diário ressentida,  como uma lembrança de que nunca mais arrancaria uma flor porque agora as conhecia.  

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