Alameda perfumada
Havia uma alameda de arvores altas e esguias. Numa das esquinas, um poste com um letreiro indicava :Rua das flores perfumadas.
"Que nome lindo"! Pensou a errante arrancando uma flor da árvore e cheirando-a.
-Agora eu sei o motivo do nome. Esses cravos tem simplesmente o perfume mais sensacional que já provei.
-Obrigado-Disse uma vozinha.
-Obrigado-Disse uma vozinha.
-Quem está aí? Perguntou a menina assustada olhando ao redor.
-Se não me conheces, porque me admiras?
Pensou que essa era uma boa pergunta, mas não sabia como responder.
-Admiro muitas coisas boas. Quem és tu dentre elas?
-Não sou a parte,mas o todo, pois tudo o que é belo desenha o grande círculo eterno.
-Não compreendo.
-Dissestes bem. Não compreendes, por isso deves aguçar tua mente e só então a alva romperá em ti revelando o caminho dos sábios.
-O que devo fazer para conhecer -te? Diga-me então.
-Estás pronta? A voz perguntou agora elevando-se um pouco.
- Acho que sim.
-A verdade não pode ser manifestada dessa forma. Se não "achares", a certeza baterá à tua porta e ceará contigo.
-Ah, sim. Preciso de um tempo para captar tudo isso.
-O tempo te será entregue com o vento, pois ambos refrescam e não voltam para um único lugar de modo idêntico.
E a menina preencheu suas próximas seis horas com reflexões profundas.
Cada minuto alimentando a parte pobre de sua alma. Foi só então que começou a entender.
Olhou para a florzinha que havia arrancado. Ela estava murcha. Aspirou-a e notou que seu perfume já não existia mais.
-Ah-lamentou a garota para a florzinha-Eras tão bela e cheirosa. Como é que ficaste assim?
Foi aí que ouviu e reconheceu quem dizia:
-Você me tirou de minha família. Pra onde irá me levar agora?
E a menina guardou-a dentro de seu diário ressentida, como uma lembrança de que nunca mais arrancaria uma flor porque agora as conhecia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário