quinta-feira, 21 de abril de 2016


Patrus e a liberdade



Patrus era um pônei que tinha asas. 
Seu dono era Rian, um velho plebeu que o comandava por assobios. 
Cada assobio tinha um significado. Por um breve, ele anunciava que o animal podia descansar ou fazer suas refeições ; por um longo e contínuo ele chamava-o para um vôo direcionado, transformando -o em seu meio de transporte aéreo para onde quisesse se dirigir.
O velho conheceu um jovem órfão rico muito solitário que queria aprender esgrima. Como o plebeu conhecia essa arte de muitos anos, decidiu ensiná-lo sem exigir nenhum pagamento, apenas a sua companhia e o prazer de ensinar e sentir-se vivo e livre, era o que dizia. 
Passaram-se meses e o rapaz já tinha aprendido tudo o que precisava. 
Um dia o velho propôs :
-Se você me vencer neste duelo, te darei o meu bem mais valioso:Meu pônei alado. 
-Mas e se o senhor vencer? -quis saber o jovem. 
Então tu me darás meu pagamento em dinheiro. Cem côvados de diamantes e o restante em jóias de todos os tipos no valor de todos os seus bens materiais. 
Parecia uma ideia interessante e perigosa para ambos, porque cada um estaria colocando na mesa tudo o que tinha de mais valioso. 
O duelo de espadas entre o velho e o jovem durou mais de uma hora. Ambos estavam muito cansados. Parecia que nenhum iria parar de lutar. 
Até que finalmente o jovem já prestes a sucumbir e temendo a morte implorou :
-Poupe-me e podes ficar com toda a minha riqueza. 
Encerrado o duelo o velho tomou todas as riquezas do jovem como combinado e escondeu-as. Voltou -se para o jovem e entregou -lhe o pônei. Na boca do animal havia um bilhete. Mas antes que o rapaz fizesse um esforço para retirá-lo o velho disse:
- Não abra até que eu me vá. 
E o antigo dono do cavalo foi pelo caminho de toda a terra entregando seu espirito. 
Assim, o jovem, que já havia se afeiçoado do velho como a um pai, chorou enquanto lia a carta que dizia:
" Eu queria ter alguém para herdar o meu pônei, mas não encontrava ninguém, pois toda a Terra está corrompida com as riquezas. E agora que não as tem mais, o animal poderá te obedecer, pois ele foi treinado para seguir os comandos da alma que não coloca o coração nos bens da Terra. Voarás com ele nos lugares mais altos que jamais imaginastes ir e então saberás desfrutar da verdadeira liberdade que encontrei. Ele te levará às riquezas que escondi para ti mesmo. Mas lembre-se de compartilhá-la para que este teu bem mais precioso não te seja tirado. Agora vá e voe o mais alto que puder. "
E o rapaz dobrando a carta foi desfrutar da liberdade tão sonhada... 

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