O Droper
Um Droper era alguém que nascia numa noite de eclipse e olhava para a lua ao nascer. Assim, recebia o poder da lua rubra.
Hélio era um Droper . De suas mãos emergia sangue vermelho. Com esse poder congelava e prendia os inimigos da paz. Assim ajudava a combater o crime na cidade desde os quinze anos.
Entretanto, tinha uma limitação:se entrasse em contato com sangue humano, perderia seu poder e ficaria congelado até o próximo eclipse.
Aos dezoito anos conheceu Célia, uma moça que defendeu de um assalto. Logo, apaixonaram-se e iniciaram um lindo romance.
Certo dia, um grupo de bandidos armados interceptaram sua amada. Vendo de longe o namorado correu até eles como um raio congelante. Com medo, os bandidos fugiram num carro. Mesmo podendo impedi-los, ele conteve-se. Sua atenção estava toda voltada para Célia que, ao aproximar-se viu que o rapaz jazia em sangue. Então, mais que depressa, sem pensar nas consequências, estancou o sangue da amada com um simples toque, salvando sua vida.
Imediatamente ele congelou-se.
Dezoito anos depois...
Noite de eclipse. As estrelas que faltavam no Céu, sobejavam em seu coração, como no dia em que descobriu seu amor por Hélio.
Celia estava com trinta e seis anos. O tempo para ela havia passado, exceto que conservava a personalidade de uma adolescente, a mesma que despediu-se do mutante que nunca esqueceu.
Por todos esses anos ela esperava o eclipse pulsante em sua memória.
E foi naquela penumbra à meia noite que aconteceu:O seu querido Droper fundiu o gelo que o prendia a quase morte retomando o fôlego da vida.
Porém, havia algo que não era esperado. O gelo manteve-se na parte sólida de suas lembranças. Olhou para Célia e não a reconheceu.
- Oi! cumprimentou a moça.
Mas o rapaz estava nitidamente confuso. Estreitando seus olhos cumprimentou de volta.
- Voce está fraco. Trouxe algo para comer. Continuou a mulher fingindo não perceber o estranhamento.
O rapaz agradecido comeu a refeição com a maior voracidade que pôde reunir. Seu estômago agora era um buraco negro centrifugando tudo o que se pudesse mastigar.
Depois de saciar-se com uma panela de ensopado de carne e legumes suficiente para alimentar um exército, ele ameaçou levantar-se.
-Você não se lembra, não é? Quis saber Célia.
--Não sei do que está falando. Continuou o rapaz. Você é minha mãe?
E uma dor lancinante perscrutou-se no âmago da mulher.
- Não, eu, eu...
E a mulher levantou-se. Suas forças pareciam ter evaporado com a comida. Pegou a panela e deu de ombros.
Mas o Droper a seguiu, falando sem que ela virasse.
-Espere, espere, eu nem sei quem você é. Queria agradecer.
- Não importa quem eu sou. Disse a mulher decidida a não revelar a verdade-O importante é que está bem e agora tenho que ir.
-Mas espere. Eu preciso que me ajude. Eu não me lembro de nada. Nem sei quem eu sou...
De repente a música do amor genuíno tocou no coração da mulher dando-a uma ideia:
- Está bem. Vou te ajudar, mas não contarei nada. Você terá que descobrir sozinho, tudo bem?
-Claro. Concordou o jovem.
Os dias, semanas e meses foram passando e ela foi promovida de completa desconhecida a melhor amiga na mente do rapaz.
Mais meses se passaram e para a surpresa das convenções ele, dezoito anos mais novo, apaixonou-se por ela.
Então, numa noite, sob a luz das estrelas, Hélio se declarou e os dois se beijaram.
Naquele momento algo maravilhoso aconteceu:
As lembranças do Droper retornaram e ele envelheceu.
E o amor entre eles aumentou com a idade cronológica.
Pouco tempo depois...
O Droper e sua amada casaram-se e se tornaram a maior dupla de combate ao crime, pois ele tinha o poder do eclipse e ela o do coração.
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